Retorno ao breve Outubro que findou
Serpenteiam-me os restos de raios de sol de fim de tarde que me aguçam o sonho e me despertam uma vontade líbida de corpo.
Retorno ao breve Outubro que findou.
Espraio-me na montanha abraçada de mar e nas palavras anunciadas do começo.
Paraliso o pensamento e a respiração como forma de ficar presente no tempo.
Perpétuo o dia como o momento, despreocupado, sem passado nem futuro.
A norte, as nuvens passam mais rápidas e soltas do que a sul.
A morte e vida conversam com a mesma normalidade com que parei o tempo.
Bebo os últimos raios de sol que já vêm do horizonte no mar.
Parto para outra cidade onde sei que chove, vou misturar-me nela e saciar-me.