Piquinhas
A vida a ser vida. Inesperada. Sem aviso prévio. Injusta quiçá, seja lá isso da justiça o que for. Fica a fogueira que não se apaga desde a menor idade até hoje e já lá vão uns anos. Ficam os acordes dedilhados, o monte do alvorão, o pierre, a paula, a peseta, o joquinha, etc e tu, agora sem esperança de um novo abraço, partiste. Como sabes não acredito que sejas mais uma estrela do céu, tu também não, também não precisamos, valeu a viagem. Sei que também não acreditas que será melhor o que aí vem, aí erámos alinhados com o Saramago, detínhamos a paz do ateísmo presente. Ficou o que ficou. Ainda fomos a tempo da descoberta que abril nos deu, a liberdade, os poemas, os concertos, o resquício de maio de 68 nos anos 80. És o Piquinhas, o Henrique, e serás sempre, aquele meu velho amigo que quando nos cruzávamos dizíamos o suficiente até ao próximo encontro que podia ser a 300 km de onde vivíamos, era recorrente, cruzarmo-nos mais por lá do que por cá, porque isto agora não é como foi. Abraço meu velho, em sol maior. Rider on the storm