Palavras e degraus
Estas palavras moram nuns degraus ondulados e gastos pelas passadas,
são sombrias,
e o amor sabe aos olhos de quem entorna maresia,
os beijos soam à pacatez do silêncio,
o toque a fresco,
a luz a madrugada,
as colinas dançam de azul fresco à janela,
a floresta tem a cor de cabelo prateado,
o pôr-do-sol esbate-se rubro, ardente e despenteado,
as ruas têm nomes de rua,
os becos, gente e vida,
as esquinas gemem num sussurrado murmúrio de carpideira … – saudade –
a delonga espera faz os dias sempre iguais,
o juízo enlouquece,
as divisões estrangulam-se, as horas ficam sem tempo e o corpo sem amor.