O amor por ser amor, já é amor
Quando se disfarça a poesia de prosa e a prosa sangra de sentir, muda a prosa de planeta e a poesia de palavras.
O céu veste-se de cor, o mar de amantes náufragos, o vulcão há anos adormecido espreguiça-se e cospe fogo, todo o amor se reúne de todo o sentir, não há mesa que o albergue, vida onde caiba, planeta onde sobreviva, foz onde desague, e nunca chega ao fim, nem sequer nunca começa, que não há suficientes lagrimas que o chorem, suficientes lábios que o sorriam, suficientes bocas que o beijem, suficientes mãos que se passeiem dadas, suficientes noites que amem, que o amor não tendo início não tem fim, não tendo explicação, não tem questão, não tem amores iguais a outros que o foram ou venham a ser, não tem quadra rimada ou prosa soletrada.
O amor de tão simples ser, tem a complexidade latente do medo de terminar.
O amor por ser amor, já é amor.
Pouco a dizer, nada a acrescentar, nada a argumentar, tudo a viver.
Só,
Viver!