gosto deste entretém feito de água e de mim
Regressado do monte descanso junto à fonte rodeada de musgo. Oiço o cantarolar da água que geme no seu caminho, entre as silvas e o aroma forte do fim de tarde. As minhas mãos tentam segurar a água que não se deixa agarrar. Há anos que tento segurar a água com as mãos e, não se desvanece em mim, a esperança de o conseguir, embora até hoje nunca o tenha conseguido.
Penso: - como me pareço com água –
Como me pareço com o fim de tarde e o cheiro forte do mato rubro que grassa na encosta.
Como me pareço com a água calma e temperada e o dilúvio alterado.
Sou como a água que geme entre o fim de tarde e o anoitecer,
que ainda vem a mais de uma hora do meu peito,
refresco-me por aqui e sou feliz,
tentando segurar a água entre as mãos que sei não conseguir agarrar,
gosto deste entretém feito de água e de mim.