Folhas de embalo
Entre as árvores e as raízes que vão dar ao rio, espero ver entrar na avenida a tua silhueta descomposta e atrapalhada, de quem vai passar por mim e fingir a cegueira de não me ver.
Eu, igualmente, finjo não te ver por tanto te querer sentir. Transformo-me em árvore e deixo cair duas folhas no chão ao teu passar.
Pisaste-as e seguiste. Não me viste.
Amanhã voltarei a ser árvore e a soltar duas folhas quando passares, farei, até me veres.