“eu não sou, mas tenho um amigo que é ”
As tuas mãos labirínticas. O bairro desfalecido. A Inês que deixou de ser mulher para ser o Ricardo. O pré-conceito dilacerante e obstinado. O mar entediado com a maledicência. O Ricardo frágil. A Inês quase forte. Gosto dos dois, que um pénis a mim não me altera o gostar.
A coragem vive mais do que a cobardia. Os drogados não se importam com a Inês. Os alcoólicos "desimportam-se" com o Ricardo e, se ele pagar um copo, podem até dizer:
“eu não sou, mas tenho um amigo que é ”
A Inês, tem uma amiga e um amigo que são. São os dois no mesmo corpo:
- paixão, coragem, mãe, madrugada, esperança, mundo, solidão e magnificência –
mas são do verbo ser, antes mesmo da maldita desdita.