Espero sempre
Espero sempre que seja a tua voz como espero sempre que seja o mar,
Espero com as mãos cerradas nas grades invisíveis que desenhei,
Espero sempre e não me importo que nunca sejas, porque nesta espera, tenho-te.
Espero sempre não acordar e acordo,
Interrompo o sonho para ir trabalhar,
Injusta esta vontade na minha vida.
Continuo de mãos cerradas nas grades invisíveis construídas no sonho,
No mar, e na tua voz que não fala,
Assim sendo, escuto a tua voz que cala e calo a minha voz na tua.
Cerro mais as mãos que se soldam a esta espera,
Espero mesmo sentindo que a espera é demorada,
Enquanto espero demoro-me na saudade, e esta saudade é presença real desta espera.
Esta saudade, esta espera, tem a tua voz,
Tem os fios do teu cabelo, o teu sorriso, o teu jeito, a tua companhia, o teu beijo, a tua convicção, o teu cheiro,
Esta saudade feita de espera tem-te, por isso continuo de mãos cerradas nesta invisível grade do sonho.