Castrei-me na abundância de me saber no mundo
Queria ver onde começa o mundo,
Despi-me, tal qual como a ele acedi.
Vesti-me, tal qual como dele me despedi.
Na viagem mergulhei no que aprendi ser a vida.
A descoberta.
Uma descoberta cruel de despedidas,
De desamores,
De palavras desditas,
E de metamorfoses de emoções doridas e socorridas.
Queria saber onde começa o mundo,
Caminhei.
Nos passos que dei, pertenceram-me noites e madrugadas de acesas fogueiras e poemas à desgarrada,
Pertenceram-me homens e mulheres soprados pela chuva e molhados pelo vento,
Despertenceu-me o entendimento e a ganância,
Os rostos lilases de um continente de olhos grandes, negros e vivos, e a fome.
Na promessa de entendimento de gentes e lugares, de paz e sabedoria,
Na ânsia de saber onde pertence o céu carregado de nuvens e movimento, castrei-me.
Castrei-me na abundância de me saber no mundo,
E na esperança de o mundo me saber aqui.