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Cardilium

Cardilium

Castrei-me na abundância de me saber no mundo

Queria ver onde começa o mundo,

Despi-me, tal qual como a ele acedi.

Vesti-me, tal qual como dele me despedi.

 

Na viagem mergulhei no que aprendi ser a vida.

A descoberta.

Uma descoberta cruel de despedidas,

De desamores,

De palavras desditas,

E de metamorfoses de emoções doridas e socorridas.

 

Queria saber onde começa o mundo,

Caminhei.

Nos passos que dei, pertenceram-me noites e madrugadas de acesas fogueiras e poemas à desgarrada,

Pertenceram-me homens e mulheres soprados pela chuva e molhados pelo vento,

Despertenceu-me o entendimento e a ganância,

Os rostos lilases de um continente de olhos grandes, negros e vivos, e a fome.

 

Na promessa de entendimento de gentes e lugares, de paz e sabedoria,

Na ânsia de saber onde pertence o céu carregado de nuvens e movimento, castrei-me.

 

Castrei-me na abundância de me saber no mundo,

E na esperança de o mundo me saber aqui.