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Cardilium

Cardilium

café com conversa de matar a solidão

Nas vielas entreabertas da cidade ergue-se o cheiro das esquinas. Num café a meia luz, uma mulher serve os clientes sem lhes perguntar o que querem. Os anos, dá-lhe a sabedoria de lhes saber a necessidade do que tomam a cada diferente hora que a visitam. Eu, novo ali provoquei-lhe um desconfiado:

 

- bom dia, diga. Bom dia, um café por favor. Normal? Sim, normal.

 

Voltou-me as costas e todos aqueles sons de quem tira um café me invadiram.

 

- Belo café disse eu.

 

Naquele momento já emudecera. Ensurdecera. Cegara e uma amnesia total invadia-a, não fosse eu ser um agente da policia, daqueles que lhe levam os fregueses.

 

Logo eu, que só queria um café com conversa de matar a solidão. 

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