aos poucos
Aos poucos, deixo a minha vida escrita sem que seja a minha vida e, sem que seja a minha escrita.
Aos poucos, deixo a minha morte preparada, e todos os dias em que me senti alguma coisa, e nos dias todos em que não me senti nada a não ser poeta, e poeta é, não ser coisa nenhuma vestido de mundo, com alma de universo.
Aos poucos, seco e ergo as lágrimas com que me deitei de tristeza e, toda a minha ironia onde flutua a solidão desentendida, das gargalhadas sós dadas em multidão.
Aos poucos, quase sempre "aos muito pouco".