A mão dela sentiu a mão dele, surpreendida
Fosse valsa, tango, ou aquelas danças modernas, queria sentir-lhe o tacto,
Queria tactear aquele ser fascinante como o fazia com o olhar,
Queria ser luar de lua, calor de sol, acorde de música e intenção.
Palpitava-lhe o ser todo por completo a cada madrugada rebentada de dia,
Queria tocar-lhe a alma com o coração,
Sofrer a dor do medo de querer,
Ocupar a sua mente inteiriça por lhe apetecer.
Queria abundantemente,
Querer tanto,
Querer assazmente,
Loucamente querer.
Uma manhã de luz incandescente soube a sua designação,
O cheiro, e o sorriso.
Quando sentiu a mão dele acenar-lhe em boas-vindas,
Saboreou até uma lágrima.
Depois,
Estremeceu,
O caminho, o sonho e a poesia derramada de realidade aconteceram,
Numa vida inteira de mãos entrelaçadas.
A mão dela sentiu a mão dele, surpreendida.