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Cardilium

Cardilium

A mão dela sentiu a mão dele, surpreendida

Fosse valsa, tango, ou aquelas danças modernas, queria sentir-lhe o tacto,

Queria tactear aquele ser fascinante como o fazia com o olhar,

Queria ser luar de lua, calor de sol, acorde de música e intenção.

 

Palpitava-lhe o ser todo por completo a cada madrugada rebentada de dia,

Queria tocar-lhe a alma com o coração,

Sofrer a dor do medo de querer,

Ocupar a sua mente inteiriça por lhe apetecer.

 

Queria abundantemente,

Querer tanto,

Querer assazmente,

Loucamente querer.

 

Uma manhã de luz incandescente soube a sua designação,

O cheiro, e o sorriso.

Quando sentiu a mão dele acenar-lhe em boas-vindas,

Saboreou até uma lágrima.

 

Depois,

Estremeceu,

O caminho, o sonho e a poesia derramada de realidade aconteceram,

Numa vida inteira de mãos entrelaçadas.

 

A mão dela sentiu a mão dele, surpreendida.