A ver os dias e as horas
Fingimos que não reparamos,
Que reparamos naquilo,
Que os outros fingem não reparar.
Precisamos todos de ver,
Aquilo que os outros vêem,
E nós não queremos ver.
Matamos a vida com a morte,
A morte que se faz em vida,
Na vida que a morte tem.
Esperançados pelos dias,
Adiamos noites a fio,
Os recomeços das madrugadas.
Não decidimos a hora,
A hora não tem decisão,
A hora tornou-se ilusão.