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Cardilium

Cardilium

Deixo o vento soprar palavras vindas da terra

 

Deixo o vento soprar palavras vindas da terra que semeei. Palavras partidas de outras terras, com outros aromas. Palavras invisíveis inundadas de universalidade. Deixo os meus lábios saírem desregrados por aí. Os meus dedos pisam cordas juntando acordes, meditando serem os teus.

O som do hino aconteceu no telefone. Corri em tua direcção. Não eras. Era um senhor formado em falar demais para me impingir um aspirador, com todas as funções empreendedoras e inovadoras que tal aparelho concebe:

“- Não aspiro respondi, o pó faz parte da decoração cá de casa.

- Sim mas também lava carpetes, retorquiu.

- Respondi:

- Mas eu sopro o pó de vez quando, e ate o inalo ás vezes, resmungou e desligou. “

Afinal não eras tu, disse o meu coração ás tripas que entretanto se enrolavam. Este sentir visceral é demoníaco. Retira-me as forças. E zanga-me com o mundo. Encolhe-me. Espanta-me, provoca-me e maça-me. Ai eu, embrulho-me em livros e noites, e mal vejo o dia. Respiro suavemente demência e ousadia. Fico abstracto e fascinado, a olhar no café concerto as imagens volantes. Não vejo pessoas, apenas vejo imagens e olhares vidrados de um divertimento preso pelos movimentos. Chega a minha hora e vou. A avenida que me conduz tem um castelo e um o viaduto. Sabe-me bem os sons que ouço, e o fresco que vem do rio. Faço duas rotundas e durmo. Desassossegadamente sossegado.

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