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Cardilium

Cardilium

vale o que vale

 

Farto-me tão rapidamente de pessoas como de mim. Canso me de me cansar. As palavras deviam ser substituídas por nada, ou por tudo. Deviam de haver cobradores de afectos difíceis. Estariam em fila de espera para punir os devedores. Aliviar os emocionais violentados seria a sua missão. Cada vez gosto mais e muito de ninguém. Gosto tanto da luminosidade da minha casa e do cheiro que lhe impregno. Tem alma, vida e alento. Tem um mar e um porto de abrigo. È quentinha. Tem música e suor. Tem paz e madrugada. Tem um nome. Tem verdade. Tem a minha verdade que nem sempre é igual à dos outros. Mas verdade é una, mesmo que cega. Sabe-me bem fumar ao luar e regar a minha flor. Já fiz uma filha, cuidei duma flor, e escrevi folhas em branco. Já quase me suicidei e salvei. Já me alfabetizei. Já parti e regressei. Os meus olhos vêem por eles mesmo, não vêm pelos de ninguém. Penso por mim, decido para mim. A retrógrada ideia de saber de alguém é extemporânea. Piso o mesmo chão que sempre pisei. A coerência de ideias iguala-me e ilumina-me o caminho. Tenho quase a minha descendente criada, revejo nela ensinamento, conceitos e valores. Valho por isso. Valho muito mais que por isso, mas por isso também. Juízos de valor são bons apenas pela incapacidade e indisponibilidade de olharmos para nós próprios. Satisfazem-me…. Os dos outros.

 

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