Nego no meu peito a razão
Alagasse-me o peito feito de terramoto. De cara quente fervo de febre de ti. Refresco-me numa fonte que habita debaixo de uma amoreira, onde outrora conversava nas madrugadas jovens da minha existência. Os teus olhos são tão quentes como a tua cara. O teu ferver induz-me negação. Nego no meu peito a razão. Dou razão á razão de sentir. Não sou o que escrevo, escrevo pelo que sou e sinto. Por vezes sinto inveja daquilo que escrevo. Dou te um nó com um abraço. Queria me dentro de ti para sempre. Nesse peito tão farto e cheio que me enche de saudade, vontade, paixão e alegria. Esse peito tão desassossegadamente sereno. Essa boca suave de prados, serras e vales. Encanta-me cada viagem tua, cada ai, cada suspiro, cada manha, cada noite. Faz me fugir de ti para regressar. Regresso a mim conhecedor tão bem dos teus caminhos.