Cada dia nasce novo de querer
Move-me o medo sórdido, de um Inverno de madrugadas, de nevoeiro solarengo. Sopra-me em jeito de aragem, sonhos multicolores de um rosto inventado, existente na janela da minha alma. Vislumbro o teu jeito meio sem jeito e um sorriso que me percorre. A serra sossegada lembra-me o planar de uma cegonha. Revisito-me nos sítios em que seria feliz. Nas viagens por fazer. Nas palavras por dizer. O mar curva-se ao teu passar. Embelezas o teu abraço com o perfume que me fica no estômago. Adormeço agarrado á tua recordação. Semeio em terra fértil o meu gostar. Flores incendeiam breves momentos, dilacerados por impossibilidades que me parecem a espera das marés pelos pescadores. O mar põe-se tardio. Cada dia nasce novo de querer.