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Cardilium

Cardilium

Poente

Já nada me resta agora,

Sossego-me na beira da fonte de outrora.

Já não existem fontes como dantes,

Se as fontes não secaram as nascentes,

E as nascentes não secaram as fontes,

Onde estão as olhos-d ‘água então? E os poentes?

 

Já tudo o que me é devido me foi retirado,

Tudo o que me foi dado me foi excluído.

A paz, o amor, a liberdade e a vontade,

A lua, os olhos e os baloiços,

Tudo tudo e tanto me foi confiscado,

E foi deus pela mão do diabo.

 

Só eu me incorporo e já,

Como dantes e como agora.

Feliz anuncio aferrolhado,

Deste mundo que me elabora,

Caminho denso padecimento,

A cada hora circulada de minutos.