Poente
Já nada me resta agora,
Sossego-me na beira da fonte de outrora.
Já não existem fontes como dantes,
Se as fontes não secaram as nascentes,
E as nascentes não secaram as fontes,
Onde estão as olhos-d ‘água então? E os poentes?
Já tudo o que me é devido me foi retirado,
Tudo o que me foi dado me foi excluído.
A paz, o amor, a liberdade e a vontade,
A lua, os olhos e os baloiços,
Tudo tudo e tanto me foi confiscado,
E foi deus pela mão do diabo.
Só eu me incorporo e já,
Como dantes e como agora.
Feliz anuncio aferrolhado,
Deste mundo que me elabora,
Caminho denso padecimento,
A cada hora circulada de minutos.