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Cardilium

Cardilium

Devir da prossecução

Se um homem se transfere no devir da prossecução, não é mais verdade que a descendência assegura essa continuidade. Assegurei-a e, orgulhosamente, não poderia achar tamanho legado mais bem entregue do que aquele que me foi confiado a mim. Não sou um homem crente, sou mesmo um homem descrente.

 

Descrente no sentido piedoso e religioso do termo. Creio na força do universo, no cosmos, no trabalho, na visão e na inteligência. Creio na isenção e no pensamento. Creio nos pensadores. Nas frases descobertas e inventadas por mim. Nos conceitos averiguados.

 

Creio no meu passado como desígnio do meu futuro, como se as portas de uma prisão se tivessem escancarado, e uma força desconhecida me tivesse empurrado para a liberdade em forma de abismo, com muito poucas ferramentas, mas como uma acérrima vontade e crença, como se um imenso e duradouro terramoto me fizesse constantemente precaver e arriscar, e, não sendo crente, creio.

 

Sinto uma enorme necessidade de ter asas e não as tenho, dá-me medo, dá-me medo ter que voar e não ter asas.

 

A minha primogénita nasceu ontem e eu ainda estou para nascer. Nasço entretanto, sei-o. Regressei à vida e a vida dar-lhe-ei em pequenos pedaços de porções de mim, por sua parte, ela já junta as pequenas porções de mim e modifica-as na vida dela. Revejo-me.

 

Elejo-a como a pessoa que me faz crer no desafio que é a minha vida.

 

- No desafio de entendimento constante do que sinto e de não ser capaz ou saber, não sentir muito.

- De ser um ser, emocional e estafado, disposto a ser um guerreiro honorário.