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Cardilium

Cardilium

Creio que se de mim ...

Quando no final do caminho me detive, reencontrei-me com a necessária solidão que preciso e me acerta, como um processo biológico que me regula psiquicamente neste meu pequeno mundo, que visto com os meus olhos é gigantesco. Os dias não se detêm nunca. São como a vida. No meu recôndito e sublime prazer gemo, grito, segredo, e balbucio-o uma reza construída de mãos baixas, como se jazessem já antes da hora, e o desígnio fosse antes de proferido. Recansaço é uma fadiga em forma sentida e saudosa de mim, que nunca deixa de me habitar. Esta exígua semente cai-me escorrida pelas testa em forma de suor exausto, depois, vertida nos olhos retempera-me e devolve-me o sonho, e, é sempre assim e nada muda, para além da necessária solidão que me mantem desperto, enquanto ser social desembandeirado de embuste. Afinal como há muitas palavras atrás, os poetas silenciosos e mortos, retornaram a uma Grândola que volta a ser morena.

 

Creio que de mim nem eu já solicito o amor,

Já nem o amor me solicita a vida,

Retorno à montanha e espanto-me de cada vez que espreito o mundo.

 

Creio que de mim já nem o abismo me inquieta,

Verde-mar este de demência onde,

Náufrago me atiro rouco e sem grito.

 

Creio que em mim sempre foi nunca,

E nunca sempre foi nada,

E nada sempre foi tudo.

 

Creio que em mim o invisível é a loucura,

E nada o entendível,

Tudo é óbvio e inacessível.

 

Creio que se de mim se desenlaçassem os braços,

Sugaria da sede que tenho,

Esta crença feita desgraça.