Creio que se de mim ...
Quando no final do caminho me detive, reencontrei-me com a necessária solidão que preciso e me acerta, como um processo biológico que me regula psiquicamente neste meu pequeno mundo, que visto com os meus olhos é gigantesco. Os dias não se detêm nunca. São como a vida. No meu recôndito e sublime prazer gemo, grito, segredo, e balbucio-o uma reza construída de mãos baixas, como se jazessem já antes da hora, e o desígnio fosse antes de proferido. Recansaço é uma fadiga em forma sentida e saudosa de mim, que nunca deixa de me habitar. Esta exígua semente cai-me escorrida pelas testa em forma de suor exausto, depois, vertida nos olhos retempera-me e devolve-me o sonho, e, é sempre assim e nada muda, para além da necessária solidão que me mantem desperto, enquanto ser social desembandeirado de embuste. Afinal como há muitas palavras atrás, os poetas silenciosos e mortos, retornaram a uma Grândola que volta a ser morena.
Creio que de mim nem eu já solicito o amor,
Já nem o amor me solicita a vida,
Retorno à montanha e espanto-me de cada vez que espreito o mundo.
Creio que de mim já nem o abismo me inquieta,
Verde-mar este de demência onde,
Náufrago me atiro rouco e sem grito.
Creio que em mim sempre foi nunca,
E nunca sempre foi nada,
E nada sempre foi tudo.
Creio que em mim o invisível é a loucura,
E nada o entendível,
Tudo é óbvio e inacessível.
Creio que se de mim se desenlaçassem os braços,
Sugaria da sede que tenho,
Esta crença feita desgraça.