“Buena-dicha”
A minha companheira encanta cada dia arrancado da minha vida. Enfeitiça com cada sorriso seu a minha boca. A exclamação é a forma como se me afigura e surpreende, a definição de um amor descombinado, antes anunciado no sal de uma madrugada de verão. A última batida desce-me peito abaixo num: amo...renovado a cada dia... Vale a renovação do fogo na forma e no conteúdo. Representa-se o conteúdo na configuração de decisão, reduz-me à dimensão que cada respirar nosso, juntos, exala. A minha companheira sem saber, entende-me e adivinha. Parte sem nunca se ir embora e, fica mesmo quando não está. Sei-a presente da sua presença. A minha companheira arrepia-me a pele e admira as minhas rugas. Olha-me como se me visse pela primeira vez, e, a cada dia, sinto nela o mar e o destino. Sinto nas suas sardas e na sua pele a “buena-dicha”, sinto a vaga que me arrebatou e a maré que me detém. Sinto longínquo o medo e o sono. Faço assim, desta cruzada, uma parte da minha alma que ofereço como tesouro, desta viagem desvendada, intemporal e não anunciada. Desenraizado pertenço-lhe.