Escrever ensina-me a ler pensando
Escrever ensina-me a pensar, ler ensina-me a ensinar. Surpreendente, de cada vez que me debruço sobre as pontes que me ligam às margens de mim mesmo, descubro que escrevendo me ensino a raciocinar, meditando em fragmentos parte das vezes, fazendo por inteiro da desconstrução racional, construção positiva do sentir do meu ser. Por vezes apetece-me demitir, sair, correr por-aí-fora sem destino, e sem a noite nos meus dias. Outras, apetece-me ficar dilacerado neste fogo feito de inferno e madrugada em que me reconheço. Outras ainda, quero falecer de mim próprio e ressuscitar do um eu meu que tenho sepultado em mim, e que renasce de cada vez que uno as margens com as pontes que construo. Quando me curvo sobre mim mesmo e me refugio da temperatura que o sentir me altera, renasço das frases que construo, e da obrigatoriedade que me devolvo ao pensar. As pontes são os derrubes dos meus muros. Os meus raciocínios são ofertas das minhas rupturas. Escrever é, o lapidar da minha alma. Ler é, o alimento do meu espirito. Todas juntas sou eu. Nenhuma delas sou o eu falecido, sepultado e por renascer.
Escrever ensina-me a ler pensando!