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Cardilium

Cardilium

FMM 24

Tenho sorte em o mar estar lento, e o tempo desmoronar-se em mim como a música de todo o mundo que me seduz a ficar com mais um dia de memória colectiva, em todos estes anos adocicados de Julho.

Tenho sorte da cidade se fechar e a planície se abrir com o mar para mim.

Entraste-me em casa

Estou fantasiosamente apaixonado pela terra a que pertences,

pelas mãos das árvores que circundam o caminho onde te deixo,

até a luz do prédio se apagar.

 

Entraste-me em casa!

Fantasia das cinzas doadas

Na poesia frequento sítios que desconheço,

paisagens que nunca vi,

e cheiro até a terra que me havia de sepultar,

caso eu não a fintasse,

e escolhesse as cinzas doadas ao vento a 150 kmh na A1 ao km 93.

 

Fantasia da poesia frequentada!

No sossego das estações.

As coisas, uma a uma, vão-se encaixando no lugar delas, no sítio e no tempo das nossas vidas, no local onde têm de estar. Elas decidem. A nós passageiros, pede-se somente que ocupemos o nosso lugar e nos encaixemos no sossego das estações.

Fausto Bordalo Dias

Por este rio acima, pela reflexão, pelo sentir, pelos acordes perfeitos, as orquestrações, a poesia, o mar, a liberdade, a Rosa, a Rosalinda, as mulheres todas, a democracia, os ventos, os sonhos lindos, os barcos que partiram, os homens que chegaram, a guerra sem sentido, as mães viúvas, os filhos órfãos, por nós todos, obrigado pela companhia, por esta vida acima,

“Hei-de ser punho cerrado e ternura docemente”