Há medida que vou deixando de conhecer as pessoas que habitam na minha cidade, a cidade vai deixando de ser minha, e é uma cidade como todas as outras. Se lhe retirar o rio, as memórias, os cheiros e até as pessoas com que eu não conversava que já não estão nos jardins que frequentavam, a cidade já não é a minha cidade, embora a rasgue o meu rio, os meus cheiros, os meus jardins e aquela saudade de memória e alma.
Quando ser mãe é ter mais de oitenta anos, uma cadeira de saudade no quintal, o sol de maio e o cheiro a primavera, na ausência recordada das flores que voltam em cada estação.