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Cardilium

Cardilium

Consolo e esperança

As palavras agasalham-me em forma de consolo nas noites acordadas, quando as desfolho do pó repousado na mesa de cabeceira,

na primavera, refrescam-me viçosas como a esperança de que as flores na manhã seguinte se abram perfumadas,

as palavras, personagens inventadas, consoladas de esperança e sonho.

Silêncio de palavras guardadas

Já não sei quantos dias meço,

e esqueço-me do sabor das manhãs a café,

transformei-me na negação da morte acreditando na imortalidade do momento,

os meus olhos teimam ser água, 

as minhas mãos vindima de casta demarcada,

o meu peito silêncio de palavras guardadas.

 

Os poetas nunca morrem

Para onde vão os poetas quando morrem se os poetas nunca morrem!

 

Descansam sob as palavras esgrimidas de alma entre os sonhos e os caminhos,

os amores e as tentativas,

a solidão e a companhia da chuva,

a inquietação e o mar,

o prosaico viver e a complexidade de ser.

 

Os poetas são vida eterna mesmo não narrados nas escrituras.

Distância e compreensão

deixas a distância marcada a compreensão,

o fogo a arder com a nova madrugada,

o esconderijo escancarado ao mundo que tentamos esconder,

o beijo guardado na nuvem fechada na gaveta da cómoda,

os teus ais não mos dás,

e o teu sorriso entristecido de futuro,

espera enquanto os peregrinos em salmos proféticos visitam a santa milagreira.

 

Os olhos também ficam baços de brilho

Os olhos também ficam baços de brilho. Ontem, enquanto dançavamos, e em voltas as nossas mãos se enlaçavam, a minha alma esperava por nós na fresquidão da noite quente. Nem te vi sair. Vi-te chegar.

Só hoje te despediste como não deve ser, com um adiado abraço, e um abraço adiado, é um abraço perdido.

Não se adiam abraços.

Algum desporto

Entendo a superação, a individualidade, o prazer, o bem-estar, os limites, os sítios, o cansaço, o deslumbramento, a harmonia e o corpo a abraçar-me.

Não entendo a competição, nem retiro daí algum gosto.

Sou mais de agregar!

A mesa, os biscoitos e o sorriso escancarado

Quando me sento à tua mesa, chego a casa. Os biscoitos cuidadosamente arrumados no pequeno prato são a tua boca a encher-se ainda mais de sorriso, do que aquele que ela já tem. De repente o mundo são as nossas conversas, a tua dança de corpo sentado, os teus olhos a brilhar com os meus. Despedir-me, é sempre o anúncio de um regresso a combinar.

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