Vou naufragando navegando!
O silêncio são as horas em que a dimensão da sabedoria me possui em reflexão e cheira a pinhal arenoso e mar na minha cama.
Vou naufragando navegando!
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O silêncio são as horas em que a dimensão da sabedoria me possui em reflexão e cheira a pinhal arenoso e mar na minha cama.
Vou naufragando navegando!
Gostava que as árvores dessem horas como os relógios,
preferia ser acordado por árvores,
rasgado do meu sono por ramos e folhas a caírem delicadamente na minha cama,
gostava de, destrambelhado com a manhã, me cruzar nos olhos de cheiro a inverno.
Se as árvores chorassem as horas,
plantava no fundo do corredor da minha casa - um relógio -
As mãos,
As pálpebras,
Os rios,
A chuva,
As casas com as portas desabotoadas até ao decote.
Os cheiros,
O café misturado com preguiça,
O ópio torturado de recordação.
Os romances,
A vida de um amor inesperado.
enquanto a madrugada se detinha entristecida,
o mundo impacientava-se com a vida adiada sem vislumbre.
Honro esta cidade não saber de mim,
este mar ser a janela onde me debruço,
este cheiro a norte,
este imaculado anonimato,
onde deambulo irreconhecível na proximidade do desejo,
adoro ver homens que nunca vi,
mulheres que nunca me viram,
e a virgindade de não ter amigos,
carregada de toda a necessária solidão.
Saúdo uma rapariga que não conheço ao café da manhã,
ajusta-se em mim esta cidade que me alberga estes dias.
Eu,
poetizado,
creio mais em parágrafos e vírgulas,
do que na virgem maria,
ou qualquer coach de ocasião e oportunidade.
guardo segredos em cartas escritas por enviar,
segredos que não são segredos,
segredos que são medos de amar,
segredos abastados de miséria,
de vida por inventar,
noites desmemoriadas,
feridas por sarar.
Fomos distantes,
depois próximos desconhecidos,
após a madrugada nos apresentar.
depois percebemos que o erro não mata a tentativa,
e que o que nos separa é frágil,
e o que nos apaixona não é suficiente.
Acrescentámos a isso,
a ténue e complexa inexistência de nós,
defendendo a liberdade, defendendo as liberdades.