À deriva,
só as nossas almas gerúndio da nossa estória,
estoiradas se embargam.
Em todos os movimentos sou eu,
e,
em todas as tuas madrugadas,
vou nesta desenfreada vontade de ti,
viver antes que o tempo se levante a poente.
os pássaros voam,
frágeis frente ao vento forte,
sem desistência,
fazem do céu resistência,
sentado numa pedra das que falam,
observo o bailado dos céus.
A poesia são penas,
mágoas,
alegrias,
desencanto transformado em caminho,
mar de sal,
sem tamanho.
Havia crianças e bailarinos,
tambores e noites quentes de árvores silvadas ao vento,
flautas feitas de cana-da-índia e lábios escondidos nos canaviais.
Havia perfumes adocicados pelas estações,
murmuradas noites grávidas de manhãs,
e manhãs embrulhadas de nós.
Havia mais do que o verbo haver,
havia existir também,
O medo subtrai o amor,
O amor subtrai-se ao medo.
Defumo incenso na sala e pouso um copo cheio de vinho por beber sobre o medo.