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Cardilium

Cardilium

poente

À deriva,

só as nossas almas gerúndio da nossa estória,

estoiradas se embargam,

e em todas as madrugadas,

vou nesta desenfreada vontade, 

viver,

antes que o tempo se levante a poente.

À filha, o pai.


Não consigo lembrar-me de ti se não te esqueço.

 



Lembrar-te, seria admitir ausência alguns dias e, isso é, inequivocamente casualistico.

 



Esquecer-te-ei nos finados, aí lembrar-me-ás tu em memória que é o que sobra depois de vida.

 



À filha, o pai.

Gosto como sangras escrita alma adentro

Eu gosto como sangras escrita alma adentro.

Gosto da forma como das sílabas fazes palavras que são eu.

Gosto das palavras lentas e prazeirosas com que me envaideces.

Gosto como se lêem os teus vocábulos sempre de forma desfigurada e real.

Gosto como sangras escrita alma adentro.

Eu danço com as pedras

Sabes. Eu danço com as pedras!

É-me mais fácil. Ninguém me vê. Os sítios são os meus sítios. A leveza do vento embala-me os passos. A música cantam-ma os pássaros e as giestas perfumam o ar. Aprendo assim a dançar no recato da serra.

Sabes. Eu danço com as pedras, e gosto.

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