Viagem
Na viagem mergulhei no que aprendi ser a vida. É uma descoberta. Uma descoberta cruel de despedidas, de desamores, de palavras desditas, de metamorfoses de emoções doridas e socorridas.
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Na viagem mergulhei no que aprendi ser a vida. É uma descoberta. Uma descoberta cruel de despedidas, de desamores, de palavras desditas, de metamorfoses de emoções doridas e socorridas.
A ânsia da glorificação do momento cristaliza o instante
Há já mais de mil madrugadas que o nevoeiro raiava dos olhos de cada um deles,
nos quatro-olhos de dois pares,
por vezes baços,
outras mesmo molhados da maresia que os inundava.
Havia crianças e bailarinos, tambores e noites quentes de árvores silvadas ao vento,
flautas feitas de cana-da-índia e lábios escondidos nos canaviais,
havia perfumes adocicados pelas estações,
murmuradas noites grávidas de manhãs e manhãs embrulhadas de nós.
Havia do verbo existir.
O sol,
aos sorrisos,
tenta animar este pedaço esfarrapado,
que sobra de mim,
de tudo o que resta em mim.
O vento,
solidão,
a esperança habitaram-me,
sei que as estações,
levarão o meu dilúvio.
Fosse valsa, tango, ou aquelas danças modernas, queria sentir-lhe o tacto,
Queria tactear aquele ser fascinante como o fazia com o olhar,
Queria ser luar de lua, calor de sol, acorde de música e intenção.
Palpitava-lhe o ser todo por completo a cada madrugada rebentada de dia,
Queria tocar-lhe a alma com o coração,
Sofrer a dor do medo de querer,
Ocupar a sua mente inteiriça por lhe apetecer.
Queria abundantemente,
Querer tanto,
Querer assazmente,
Loucamente querer.
Uma manhã de luz incandescente soube a sua designação,
O cheiro, e o sorriso.
Quando sentiu a mão dele acenar-lhe em boas-vindas,
Saboreou até uma lágrima.
Depois,
Estremeceu,
O caminho, o sonho e a poesia derramada de realidade aconteceram,
Numa vida inteira de mãos entrelaçadas.
A mão dela sentiu a mão dele, surpreendida.
As estrelas brilham mais quando o vento dança com as nuvens,
e o céu se estende com a planície,
no recato de estrada velha de terra onde não há gente aquela hora,
jaz a velha casa ruinosa invadida pelas silvas e sons que invento ser vida,
ouve-se menos o silencio que o choro,
e as borboletas do cair da tarde adormeceram,
o infinito é talvez esta noite de estrelas que brilham,
com a dança das nuvens e o vento.
Que a morte saudosa da imagem se imortalize na sala onde me habituei a ver-te,
agora que não estás,
não te sinto ausente,
sinto que estás preparada,
que me deixaste de ti o tudo que és,
e levaste de mim o inteiro homem que sempre será o teu pai.
Agora que não estás,
o teu lugar ficou para sempre.
Estás.
Entre amigos, os olhares são frases completas que não escusam as palavras. Elas, confirmam-se no brilho dos olhares. A saudade mais tarde, recordará as tardes desnecessitadas de demasiadas palavras, precisadas simplesmente de abraços e tempo.
Ontem tive saudades antecipadas de presente e amigos.
As mulheres em murmúrio num choro quase proibido, esperam que a guerra lhes devolva os maridos para conhecerem os filhos.
Hoje, ainda há quem entenda isso como colonização ou independência nacional.
Vou ser sempre um individuo de impreparada compreensão e, não é porque o queira, é porque o meu coração não deixa.