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Saudade daquele abraço de abraço dentro e de todas as tardes de silêncio em frente do mar, à espera que a noite nos sossegasse por dentro d'alma.
Lembro-me dos acordes sussurrados da garganta que entoava a canção que dizia:
- e se todo o mundo é composto de mudança, troquemos-lhe as voltas que ainda o dia é uma criança -
Saudades dessas tardes generosas de abraços com abraço de abraço feitas.
As mulheres abrem-se em clareiras de fogo dentro da minha solidão
Na janela deflorada penduro sóis que guardei,
Brilhos que trespasso,
Em troca de pedaços de vida envelhecida.
Nas escadas defronte da rua que desço,
Calcorreio verde musgo entre as pedras húmidas,
Um rosto antigo revisita-me o pensamento.
Ao céu declino o convite,
E vou.
Parto pelo pensamento, no exercício que quero colher semeado.
Não há alegria na avenida da Liberdade, nem liberdade na praça da Alegria.
A cidade está fria e deserta de sorrisos, não existem olhos levantados do chão.
Sabes meu amigo, ando a ler um livro. Ontem e hoje quase o li. É daqueles que deixam o cheiro de livros nas mãos. É daqueles que me fazem cheirar os dedos por gostar do cheiro a papel e letras impressas. É daqueles que me fazem sentir calor e por vezes a coluna a eriçar-se. É daqueles que faço força para não destravar uma lágrima obtusa. É daqueles que não se conseguem deixar de ler. É daqueles onde te vês e revês. É do Luiz Pacheco. Desse odiado tão amado. Não é do prado coelho que tinha sempre 20 no comportamento. Não, não é. É do boémio. Do Luiz. Do Pacheco.
Vantagem psicológica é uma expressão que se usa para educadamente não se dizerem coisas acerca de determinado assunto relacionado com determinado objecto ou episódio. É apelar após diferentes tentativas de demoção de ideias à: - "vantagem psicológica".
Vantagem psicológica é como o próprio nome o diz vantagem psicológica.
Ou seja, nunca se sabe muito bem se é na verdade vantagem, muito menos se é psicológica. Vantagem psicológica é um comportamento intencional direccionado a um determinado objecto e objectivo, chama-se mal usado e recorrentemente: - "manipulação".
O que nos igualou aos poucos ao direito a saber ler e escrever? De um salario justo? Do direito à igualdade e mais do que tudo de reconhecer na palavra a força que mata a escuridão?
Foram os do costume - os que não estão agora nas manifestações porque lhes pertencem -
A baía continua hibernada do teu regresso de outros mares,
socumbo todas as manhãs à tua espera,
mas regresso,
regresso sempre como o vento e com esta inquietação.
Vou:
- adormecer no pinhal e acordar com o cheiro a resina e a raios de luar, vou saber do mar ali, ouvir rústicas e arcaicas canções, sentir os adocicados cheiros no ar, abraçar-me ao vento, ler um livro e demitir o meu olhar -
Vou.
É tudo o que tenho em mim. Os meus sentidos. As minhas mãos. O meu peito e a eterna confusão de roupas bonitas mas esfarrapadas sem que eu desse pelo tempo que as usou, porque eu, imovel me detenho na esperançosa sementeira e o naufrágio aguardado.
Sendo eu um ser politizado mas apolítico, sabendo que um vereador da vila que desenvolve funções na cidade onde vivo tomou indevidamente a vacina de um idoso que por direito lhe pertencia, nao arranjo outros argumentos que não, chico-esperto, ditador, usurpador e outros.
A mim nunca me enganou, envagelizou ou catequizou, sr vereador.
Na verdade deus a existir, está muito mal representado na terra, sr padre.