"... todas as evidências me dizem que foram os homens que criaram deus (es) e não o contrário. A terra sustenta-nos. O espírito recorre ao que o homem criou em justificativa forma endeusada, sem comprovação possível que não a incomprovada ..."
“… o velório estava transformado em tudo o que o defunto não desejava. Nem da recordação de ladroagem o elevaram. As mulheres idosas pungem a má sorte que deus lhe escolheu. Os homens de meia idade elevam o seu exemplar comportamento em contraponto com o mau comportamento do defunto. A malta nova (eles e elas) recordam as noites quentes de verão, onde o defunto tocava blues com a sua harmónica presença orgânica dele mesmo.
Uns e outros fizeram-lhe companhia. Ele, só queria é que aquilo acabasse, como os noivos no casamento.
O velório transformado num profundo acto desnecessário. O padre (um dos convidados) perdoou-lhe em voz alta os pecados. Todos acederam com ar grave e sério à penitencia. Estava encerrado o inglório acto de despedida.
Depois foi o funeral e não se falou mais disso.
Nada foi como o defunto tinha planeado. Açambarcaram-se do velório para passarem um bocado de vida …”
Quando a cabeça não se explana como uma planície a ver de fim e se transforma num túnel, as palavras deixam de alimentar o sonho. As conversas por aí ilustram-me a evidência. Esgota-me e desgosta-me.
Os vícios a serem maus não seriam vícios. Não teriam sido vícios nos casos que o deixaram de ser. Teriam sido labirintos de desprazer e tristeza sem saída, e não o foram, foram aconchegantes intrusos autorizados.
O vício é um autorizado e acolhedor guardião da ânsia e do prazer, não sei por, que lhe chamam, vício.
Devia de ser rebatizado por reflexo, e assim seria o meu traço e eco.
Há locais que se deviam poder transportar, que se deviam poder trazer, que não se deviam poder deixar.
Deixaria de bom grado a mala de roupa colorida que me enche a bagageira do automóvel por troca com a felicidade dos meus olhos, por troca com o vento, com as flores feitas mulher nas dunas, por a solidão da noite que nada tem de solidão em mim.
Trocaria as orações todas que aprendi a um deus que desconheço, por toda a lua que me guarda na planície desaguada no mar.
Largaria todos os meus amores menos o meu, e a cada vinte e quatro horas daria mais tempo ao tempo. Pudesse eu o tempo acrescentar.
Há sítios que não são locais, são como mulheres a aproximarem-se de doar a vida a seus filhos.
Há locais de sítios que são em mim: - eu próprio -