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Cardilium

Cardilium

A dimensão dos corpos que se vão

Na alegria desta pele enrugada não quero saber mais de tempo, se o tempo quiser que saiba de mim.

Não me importa se a oeste chove ou se o vento massacra a areia e a maré cheia revoltosa.

O tempo não me importa, se falta muito ou pouco, de onde vem, se tem planos. 

À ordem de cada dia, que se salvem a dimensão dos corpos que se vão.

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Tania Laranjo

Há varias formas de descrever o sucedido, mas o nome é só um: filhadeputice.

O que eu vejo? Falta de espirito de equipe, falta de espirito e grupo, de entreajuda, de preservação da intimidade do outro.

O que eu vejo? Uma pessoa doente que devia ter a sua intimidade preservada. Há formas de o fazer, são feitas em várias vertentes, o empregador, os colegas, família, ela propria, etc.

O que fizeram? Uma sacanice que desumaniza a humanidade.

Ironia do destino CMTV.

Há possibilidade de recuperar, aqui: www.aaportugal.org

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Lidia Jorge

Mulher feita de mulher, escritora, artesã de palavars adocicadas pela bela língua mãe que tão bem cuida.

Ganhou mais um prémio. Pouco ouvi falar.

Aqui, deixo a minha vénia a esta mulher de fina sensibilidade.

Aqui, deixo um obrigado em nome da liberdade com que escreve, e da relativização da morte que traz no olhar.

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Não aprecio flores colhidas

Não aprecio flores colhidas como sinal de afecto, aprecio flores nos seus canteiros sossegadas sem a crueldade da transcrição projectiva da semelhança de quem arranca flores de um jardim, e lhes dá como destino uma morte num mono desgracioso com água apodrecida.

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É isto que vale para me entender a mim e ao mundo

À roda das fogueiras aprendi sobre a vida, ensinamentos que só se aprendem à roda das fogueiras.

Não é possível aprender em Paris o que se aprende à roda de uma fogueira na serra de aire ou na pedreira dos húngaros, quem diz Paris diz outra cidade qualquer.

À roda das fogueiras aprendi a ler o fogo, a noite, o beijo, o nome das estrelas desenhadas no céu, aprendi a rota dos aviões, o nome de ervas, o valor do desejo e do amor também.

Aprendi que a noite não existe sem que haja noite e o lume não se repete em nenhuma labareda, aprendi sobre o valor da saudade, da presença, sobre as marés, a afinação dos pássaros no seu cantar, o caminho do vento entre as serras, aprendi acordes e canções, poesia e alucinação, fado e lágrimas choradas em tom menor.

À roda das fogueiras aprendi sem certificado que possa atestar conhecimento, aprendi com sangue e vida, metáforas e pensamento divergente. Tudo à roda das fogueiras.

É isto que vale para me entender a mim e ao mundo.

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quase rara a casualidade dos amigos

Amigos casuais são isso mesmo, são a casualidade de poder chamar amigo sem que tenha melhor definição do que essa mesma de: - casualidade -

Os meus amigos constroem-se quase sempre com as casualidades do caminho, a troca de opiniões sobre a causa das coisas e uns abraços.

São escassas, estas casualidades. Quase raras.

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À frente a alma

À frente a alma mesmo que não aliviada, o tempo do entendimento será alcançado e com ele a catarse simplista do alívio da compreensão, é neste momento que a alma se apazigua, e a verdade é a verdade, e a mentira é a mentira, as duas terão a mesma importância pela função, e nenhuma pelo conteúdo.

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Ventre e luz como a virgem maria

O espelho, a miragem, o teu angulo ao desapareceres na porta, o terraço, tu adormecida, eu inquieto.

Eu sossegado, tu a acordar no quarto onde o eco grita o teu nome, a caneta pousada em cima do livro que sublinhaste, o relógio de ponteiros luminosos como a virgem maria, a caneca tombada e esvaziada.

Tu, inquieta, eu a contar histórias sobre astros às estrelas, a garrafa entornada no chão quente do terraço, agosto ali, o desejo dentro do quarto e os planetas alinhados em saturno no céu.

Tu sossegada, descansando o teu peito nos meus joelhos, a tua cara no meu ventre, sim, porque os homens também têm ventre, desventrado, mas é um ventre, infértil.

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Há neste poema uma tentativa de poesia

Não há neste poema pensamento ou razão,

momentos fortes,

armaduras,

defesa ou ataque ao que sinto,

há aquilo que em mim se desnuda,

que guardo e não sei explicar,

há as flores onde vejo o teu sorriso,

os sóis todos que já observei,

as luas que esperei todos os meses,

os lençóis por lavar semanas a fio com o cheiro da tua pele.

 

Há neste poema uma tentativa de poesia,

e isso, já é amor.

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