quotidianamente covidiano
Este novo quotidiano covidiano está aborrecidamente cheio de teorias socias de resistência e criatividade.
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Este novo quotidiano covidiano está aborrecidamente cheio de teorias socias de resistência e criatividade.
Há indivíduos que nascem sem filtro (s). O ex-presidente, o pré-presidente, o pós-presidente seja lá o que for da camara da cidade onde nasci é um belo exemplar disso.
Tem tudo o que os políticos devem ter (a parte dispensável) e falta-te tudo o que um político deveria ser (a parte indispensável).
Vive numa espécie e aparente impermeabilidade e tem manifesto excesso de certeza, é aí que se vai o tal filtro (s).
Quando se pensa que tudo é permitido apenas porque um lugar lhe pertenceu por 20 anos de penhorada gestão municipal, denota-se senhoriais tiques de ditatorialismo.
Veste-se de um imaturo e inadequado narcisismo de avultado egocentrismo, tornando-se num egomaníaco prepotente e mal-educado. Um perigo à solta.
Está em recrutamento ideológico. Alvos principais: - pessoas isentas de massa critica, profetas do “sim senhor presidente tem toda a razão homessa” -
É divertido ver isto de fora. Eu que sou apolítico, ateu e quase apátrida da minha cidade, divirto-me q.b., enervo-me q.b. igualmente, porque gosto do céu da minha terra, do rio, do cheiro, das ruinas, da praça, da avenida, enfim, da minha terra por ser a minha terra, e custa-me um campónio dr adquirido pela universidade politica, tratar como trata as pessoas, a minha cidade, e no fundo a ele próprio.
Temo pela falta de descanso que isso lhe deve causar, as noites de insónia, a desregulação da tensão arterial etc … que o deus dele o guarde e o 25 de abril o ilumine.
Há indivíduos que nascem sem filtro (s), o António nasceu assim.
Uma bela canção de despedida ouve-se murmurada num som que se aproxima vivo com a morte depositada nos ombros dos homens que fazem jus à última viagem do amigo. Fim de tarde na cidade onde a noite mal cabe nas ruas, onde a claridade não cega de esperança os velhos que por ali debatem a vida das ruas estreitas.
As mulheres de olhos desnudados e corpo negro, carregam os filhos inquietamente enfadados.
Todos se preparam para a intempérie da morte ritualizada com o rigor do sofrimento de quem se junta à despedida de um corpo magro e doente, que não soube da sua própria existência para mais de setecentos dias atrás.
É um misto de recordação chorosa e saudade antecipada. As ruas ficam agora mais leves no regresso do adeus da separação.
Os velhos acocoram-se e ficam por ali murmurando recordação. As mulheres seguem o que lhes, por fortuna foi destinado. As crianças esperam a crescer. Da vida já nada se espera. Da morte espera-se tudo.
É o recobro da intempérie da morte.
nem há mais mar que que encha de praia,
nem tempestades que se encham de mar,
nem dedos fortes que se entrelacem na esperança de erguer mundo,
nem vento que me acompanhe o coração,
desenlaçado do novelo de nós que se desfez.
não há burburinho,
não há paz que me brilhe no olhar.
sou o meu mais recôndito recanto do pensamento,
o meu olhar mais severo,
o meu mais indecifrável olhar,
a noite escura mais rasgada de relâmpago,
o céu a desabar da mais profícua tempestade.
assim,
esta transparência me enfeitasse de sorriso.
Sou o recanto mais recôndito do pensamento que me sai pelo olhar, quando decifrável, é como noite escura rasgada de relâmpago e o céu a desabar em profícua tempestade.
Assim de transparência me enfeita um sorriso.
a sombra junta as almas ao entardecer da madrugada,
o silêncio das palavras acalmam a saudade,
amanhã,
será o cheiro a memória que ficou na margem guardada a - abraçar-nos -
Corre o rio desalmado num sonho em que as árvores dançam com o vento.
Há princesas em castelos imaginários.
Há a lua a acordar da preguiça e a embelezar o céu.
Há o rio em sombras desenhadas nas margens a brincar com o vento ao toca e foge.
Há sonhos reais na vida do rio.
Há sonhos na vida da gente que torna real o sonho do rio.
Os nossos corpos habituaram-se e agora gostam-se, mesmo que as nossas almas pertençam onde não saibamos que pertencem, habituamo-nos, agora não podemos é querer que seja outra coisa que não hábito. No entanto passámos a gostar deste hábito, e a não viver sem ele, a ter saudade dele, a desejar a hora dos hábitos a que nos habituámos.
Quando oiço falar elaboradamente de amor, penso sempre: “é um hábito”.
O meu hábito. O nosso hábito. Uma espécie de vulcão, céu e fonte rasgada de enxurrada.
Tanto amor, tanta diferença, tanta escolha endeusada, tanto acerto, paisagens incompreensíveis, almas juntas, céu partilhado em dois, definitiva loucura, efémera viagem, natureza completa, jardins perfumados de flores, encostas de mar debruçadas em nós.
Depois, o ódio da dimensão do mesmo amor foi assinalado por uma usurpada clarividência que afinal de tão obvia, aparentou amor.
Talvez fosse só a loucura encenada de paixão, talvez nem tenha sido ódio nem amor. Talvez nem tenha sido tudo nem nada.
Por ventura foram somente campos de feno onde deitámos os nossos corpos e eles se tenham gostado, depois as nossas mão tentaram inventar o amor, mas foram só corpos alados em planícies desabituados.