Mas eu sou ateu não tenho fé. Nem precisas de ter, aqui, enfiamos-te a verdade pelos olhos adentro.
Saí ainda mais descrente da formula conveniente da fé, confirmando que a quaresma nada tem a ver com o medo, que a divina providência nada tem a ver com a tempestade, que o castigo e a justiça divina são como os livros do major alvega que se desenham e inventam.
Não me entra pelos olhos adentro nem a verdade, nem a cegueira do pensamento em formula divinizada.
Reparaste em como o tempo se fez mais velho do que nós, ficou escuro, enrugado, cinzento quase sem esperança, e nós aqui à espera que a manhã não seja portadora de leite e torradas, preferimos que as gaivotas nos brindem com os voos picados sobre as ondas, e o sol nos apanhe de costas para o mar.
Reparaste? Reparaste que é o tempo que se faz velho. E nós por cá.
enquanto a peste protesta silenciosamente contra a escória governamental, o comum depositante dos votos confia no que ontem desconfiava, o medo atraiçoa sempre a razão.
Às vorazes criaturas do assombro que me presenteiam com esforçados discursos acerca de mudança, acerca da mudança, em organizações de indole social e promessas promissoras de um culto que todos juntos construiremos a quimera do sonho azul, anulem por favor o meu endereço e contacto que o meu vil fígado desembargou no porto dos náufragos, dos errantes e titubeantes seres imperfeitos, incultos da sabedoria massificada.
A minha oração são três redondos vocábulos e uma sina assassinada da normalizada lei humana.
A minha liberdade não é ou será colectiva, será una, coerciva e demagoga para outro entendimento que não o meu.
Assim me passeio acompanhado desta solidão de companhia na minha nova morada não fiscal.