A miséria nas tuas mãos, O corpo gasto, As derradeiras palavras e o pranto, Todo o jardim entristecido, O sol que não brilhou, A lua agasalhada com nevoeiro, A morte, As despedidas à despedida, As dedos trémulos e o frio, O fim e o adeus.
Num canto do pátio o teu cão com os olhos baços e a tristeza dura da distância pressentida, amofina.
Sim, é verdade. Os melhores dias são os que ainda estão por descobrir, que por serem novos e virgens, tudo têm para serem os mais longos, bonitos, frios e difíceis, e são-no porque ainda não desaguaram no céu, não viram as nuvens que os vão apresentar, ainda não são sequer dias, ainda não são ao menos nascidos. São os melhores e os piores por isso mesmo, por não existirem.
A mim não me importa se são bons, importa-me por serem os dias que me vão acompanhar, mas quero que com eles se me exibam os mais belos raiares de mim mesmo, e a mais bela poesia jorre das mãos que irão segurar as minhas.
Os mais belos dias, são as mais sublimes e desconhecidas horas que me soltam e apertam o peito, inesperadamente.