Não posso dizer que sei chorar, que quero por vezes vezes chorar, que chorar é igual a viver, e que musicas há que só choradas são ouvidas, livros que só chorados são entendidos, versos que só banhados de lágrimas são escritos, pessoas que só choradas são amadas.
Não posso dizer a ninguém que sei chorar, porque não quero chorar mais, pelo desentendimento de pessoas que não sabem chorar.
Nada fica quando esqueço o meu próprio património, e o meu património não são coisas, são lugares, abraços, cheiros, cantigas e os momentos em que dancei sem reparar nos passos que dei.
procuro todo o amor que extravasa de mim no mais reles que a sociedade possui, detesto homens como eu, distorcidos e amedrontados pelo que se lhe exclui da alma, sabendo tudo existir para que esta pele que me adorna, não fosse menos do que um arco-íris incandescente, encontro permanentemente o que procuro, sabendo que o que encontro, outra fortuna não é, mais do que miséria porfiada, antes de tudo serei a própria existência abandonada, e o “déjà vu” de todos os poetas do mundo.
como este lamber de lágrimas cristalinas, ensanguentadas e desfeitas de sonho, iluminam as estrelas que as nuvens cobrem no céu, os raios e a esperança que nenhuma tempestade pode matar... "