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Cardilium

Cardilium

Pétalas

Entre todas as flores que colhi em plena planicie, nenhum perfume se repetiu, como podem ser dois sorrisos tão traiçoeiros ao amor ?

 

Em cada sorriso murcham assim as pétalas em flor.

Todos os versos são o tempo

- todos os versos foram no tempo, mãos esticadas onde me apoiei - disse eu meio roufenho.

 

Roufenho daquele acordar contrariado pela madrugada, onde acordado, me enfeitara de sonhos, de promessas mais do que juras, do tempo todo revivido de viagens, de morte, de vida, de recônditos lugares descrentes de ousadia, de mais de mil pedaços por reconstruir.    

 

Todos os versos são o tempo. Todas as mãos foram a tempo.

porto de encontro

sentar me e esperar que a lua nasça, é a invenção do meu porto, é a foz onde as palavras se arrebatam no mar que lhes permito, é o silêncio do meu encontro.

Eternamente

Parámos, juntos, no mesmo balcão, no mesmo desafogueado alvoroço de sair dali, sem que as pernas obedecessem à ordem.

 

Saímos, juntos, afogueados no desejo desalvoraçado de sermos apenas corpo, e não ouvir mais ordens anteriormente desobedecidas.

 

Morremos depois, juntos, onde o amor e mar são a foz e rio.

 

Eternamente.

Do lado de fora da janela da incerteza, confirmo alegremente esta tristeza.

Não sei se existe um mundo da parte de fora do meu mundo,

Se do lado de fora da janela onde me escondo,

Ou do lado de dentro da janela onde me encontro.

 

Não sei sequer se existe o sol sem que seja a luz que me ilumina toda a poesia que declamo,

Ou apenas o mundo que espreita pelas palavras com que me padeço e encanto.

 

Não sei se existe pecado, fé, salvação ou solidão,

Não tenho a certeza de estar vivo, ou que a morte seja a partida.

 

Não tenho certezas e muito menos absoluta e verdadeira sabedoria,

Fere-me terem-nas tão seguras.

Oiço-as como,  alegorias (é melhor para mim).

 

Do lado de fora da janela da incerteza, confirmo alegremente esta tristeza.

rua, noite e órfão

Fui infância cravada de todas as tardes em que de regresso a casa, abracei tudo o que povoava as estantes a brilhar de livros que me esperavam como companhia, como amigos, como duvidas, como os meus mais rebuscados sonhos e pecados.

 

Fui em todas as tardes regressado a casa, a vontade de ser rua, noite e órfão.

Espreguiçada mente

Espreguiçada mente que me acordas subtil do sonho existente da descrente realidade, onde a igualdade é somente um pensamento.

 

Os homens como eu não lutam. Pernoitam anos a fio sem levantar ferro na fé de um todo, que muitas vezes já não crêem.

 

As noites do outro lado do mundo são os dias na minha terra, e quando anoitece, a cor da pele do abraço, não tem tonalidade, tem apenas presença e mar, saudade, sal e a luta interminavel dos dias e da liberdade.

 

Espreguiçada mente.