Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Cardilium

Cardilium

fascismo artístico e/ou criativo

Dói-me.

Preocupa-me este fascismo, à criatividade e às artes.

Nenhum autor, nenhum criativo, nenhum artista pode ser medida a qualidade do que faz, pelos “likes” ou “views” com que se brinda uma publicação.

Isso é puro fascismo artístico e/ou criativo.

Todos os homens livres não têm descrição

Todos os homens livres não têm descrição.

Todos os homens livres cheiram a flores no sorriso, e carregam no olhar a generosidade da bem-aventurança do desígnio maior da paz conquistada pelo sangue transformado em lágrimas,

Todos os homens livres não têm tradução, nem têm em si nenhuma certeza se o dia de amanhã será sequer um dia,

Todos os homens livres são ricos em inimizades, breves traições da poesia, e solidão abastada,

Todos os homens livres são revolução

Nenhum homem livre terá deus ou religião.

 

Um homem livre é caminho e luz, a quem um dia da morte, o aproximou.

os dias não se acumulam em água corrente

alma que bebe em fonte cristalina sem corpo para matar a sede,

carne alienada pelo medo constante que amanheça outra noite sem que o dia aconteça,

assim se faz o corpo de alma,

 juntos,

em cuidada identidade sem passado,

sem presente,

que os dias não se acumulam em água corrente.  

Belo, pois

A incessante busca da beleza humana, inacabada e solitária, está sob todas as pétalas das flores e da foz que desagua no mar.

 

Todas as florestas perfumadas se acrescentam, belas e dissidentes ao dia distinto e recordado.

 

A beleza só se configura no prisma encantado dela própria.

 

É  uma condição desregrada.

 

 

Abril de dois mil e dezanove sem Abril

dias tão tarde se fizeram poesia,

mais do que os dias,

mais do que vidas,

mais do que tudo sofrido e preso,

abril demorou e pouco se vê por aí,

e já se ouve que antes era melhor do que agora,

e os pretos e os brancos,

e os homossexuais e os outros,

e a diferença,

e a violência,

e abril mudo,

calado,

sem voz,

porque a esquerda já é moderada,

e a direita abençoada,

e as ideias já não sustentam os ideais,  

e os poetas já não se leem nos jornais,

e não há pão como havia na rua da padaria,

e apenas se ouvem roufenhos uivos do velho que morreu sem que abril se afinasse e transformasse em abril.

e se não foi,

já não será,

que todos estão reunidos na mesma mesa sem convite à liberdade.