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Cardilium

Cardilium

Excerto palavras 2017 moribundo

"... Na noite em que te beijei com lábios e boca fomos aqui.

Sim com lábios.
Já antes te beijara tantas vezes.
Já antes te tinha beijado com o olhar.
Com as mãos.
Com o peito.
Com o cheiro.
Com o andar.
Com os meus sonhos.

Com a alma. 


Na noite em que te beijei o mar gritou em unissono por "socorro" e dançava com as ondas um:
"- Eu não sei que mais te posso dar..."

 

Na noite que te beijei o ano ja suspirava pelo próximo.

 

A resolução não será nada de novo, será tão e somente que continue abraçado em mim, este querer-te..."

Destino o caminho

" ... e veio a madrugada e madrugou,

a morte amortalhou,

o vento silvou,

a noite esperançou,

 

eu,

sem saber onde estou,

escolho no céu a estrela que ficou,

 

cegamente,

destino o meu caminho,

e vou ... "

 

Amigo ou lá o que essa palavra é

Amigo, ou lá o que essa palavra é, encerra ou abre.

 

O que assinala ou desbrava.

O que realiza ou sonha.

O que surpreende ou calcula.

O que é, sempre o que é, porque não há amigos que o foram. Os amigos são. 

 

Amigo ou lá o que essa palavra é...

 

 

nada em ti se repete

nada se repete no teu corpo,

nem a nuvem branca que me excita como uma fila de pó branco,

nem o mar que me afoga,

nem a púrpura e rarefeita exclusão de mim mesmo.

 

nada se repete.

 

nem os passos dissemelhantes com que me arrastas para dançar,

nem o teu peito semidesnudado,

nem ultima noite desenroupada,

nem quando me arrastas para ti abraçado.

 

nada em ti se repete.

todo este amor escondido em difusas teorias

“ … todo este amor escondido,

amarrado em difusas teorias,

emergente de recato,

de defesa e resguardo,

já não cabe mais em mim.

 

Agonia-me e não me deixa adormecer.

 

Todo este amor,

revertido de medo,

de poesia inalcançável,

de perdidos amores e chagas não saradas,

escondidas por mais de mil beijos adiados.

 

Todo este amor,

de ar sério e circunspecto,

é o desabamento de mesmo amor,

escondido e amarrado,

em difusas teorias …”

perder ?

“ … em nenhuma das vezes que perdi, perdi. Sempre reuni, o que sempre achei ter perdido, e é com tudo o que perdi, que me encontro acrescentado  …”

Aperfilhar

" ... sento-me na cadeira que já tem a minha forma para continuar a escrever não sei o quê.

 

Há uma coisa que sei.

 

Escrevo sítios que não conheço, falo de pessoas que nunca vi, descrevo sentires que fantasio, deixo de saber quem eu sou, e no final, reconheço as emoções  que senti, enquanto lá fora chove, a ventania destrói, o mar deixa de caber no próprio mar e invade a terra, o sol queima e arde nas cidades, e eu sem caber em mim como o mar.

 

Regresso aos poucos a um homem que nao conheço, que carrego todos os dias, ora com um sorriso, ora não, e todos os dias esperançado de encontrar outro alguém como eu.

 

Alguém que sinta mais do que ter.

 

Eu não tenho e sei que nao posso ou quero amar alguem que tenha. Não quero ter.

 

Ter, faz das pessoas uma coisa que não gostava de ser, porque mesmo só, prefiro ser.

 

Levantei-me, fiquei uns minutos saboreando o prazer de não fumar um cigarro, por troca com o prazer de o fumar. No fundo é a mesma coisa, e  uma, mata menos do que outra. 

 

Volto a sentar-me sem saber que palavras me sairão na próxima hora.

 

Apenas sei que as reconhecerei e aperfilharei..."

Seca vil nascente

Já não me sobra força ou ânimo.

 

Queria ensurdecedor de vez, não saber as boas ou más novas, ver os olhos entristecidos ainda mais do que os meus.

 

Não quero saber da obra do diabo ou dos testes que deus faz à minha fé.

 

Só quero a paz desta revolta de volta. Esta inquietação morta.

 

Que morra depressa este poço seco, que sem água onde nasça, vive seca a vil nascente. 

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