"... Na noite em que te beijei com lábios e boca fomos aqui.
Sim com lábios. Já antes te beijara tantas vezes. Já antes te tinha beijado com o olhar. Com as mãos. Com o peito. Com o cheiro. Com o andar. Com os meus sonhos.
Com a alma.
Na noite em que te beijei o mar gritou em unissono por "socorro" e dançava com as ondas um: "- Eu não sei que mais te posso dar..."
Na noite que te beijei o ano ja suspirava pelo próximo.
A resolução não será nada de novo, será tão e somente que continue abraçado em mim, este querer-te..."
" ... sento-me na cadeira que já tem a minha forma para continuar a escrever não sei o quê.
Há uma coisa que sei.
Escrevo sítios que não conheço, falo de pessoas que nunca vi, descrevo sentires que fantasio, deixo de saber quem eu sou, e no final, reconheço as emoções que senti, enquanto lá fora chove, a ventania destrói, o mar deixa de caber no próprio mar e invade a terra, o sol queima e arde nas cidades, e eu sem caber em mim como o mar.
Regresso aos poucos a um homem que nao conheço, que carrego todos os dias, ora com um sorriso, ora não, e todos os dias esperançado de encontrar outro alguém como eu.
Alguém que sinta mais do que ter.
Eu não tenho e sei que nao posso ou quero amar alguem que tenha. Não quero ter.
Ter, faz das pessoas uma coisa que não gostava de ser, porque mesmo só, prefiro ser.
Levantei-me, fiquei uns minutos saboreando o prazer de não fumar um cigarro, por troca com o prazer de o fumar. No fundo é a mesma coisa, e uma, mata menos do que outra.
Volto a sentar-me sem saber que palavras me sairão na próxima hora.