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Cardilium

Cardilium

vale de mar sem estar

“… Eu construo a minha própria espiritualidade. Entendo que não posso adquiri-la de outra forma, não posso ser militante de uma outra que não a minha, ser seguidor, comprador, imitador, enganador de mim mesmo.

 

Eu construo o meu próprio bem-estar de uma forma simples e verdadeira, e essa verdade é a minha, mesmo que não o seja fora de mim.

 

A minha espiritualidade são os momentos em que me esqueço que sou um ser vivo, em que me esqueço do tempo, do frio, do calor, do sexo, dos jogos, dos outros, e me encho de amor, me abraço e aconchego, e sou eu, de olhar cego, de voz abafada, de respiração cortada, de audição surda, de amor tão cheio, que não sobra nada se não eu mesmo, sentindo-me deus de mim próprio.

 

Não consigo encontrar fora de mim, o que dentro de mim habita.

Não consigo reconhecer fora de mim, o que dentro de mim ocupa.

Não consigo ouvir fora de mim, o que dentro de mim grita.

 

Espiritualidade é una, indivisível, encontrada, experimentada a sós, não são correntes de gratidão absorvidas em multidão.

 

Foi assim que retornei à terra que me viu partir e deixei o val de mar junto ao mar, e por la fiquei sem ficar…”  

Poetise-se

Poetise-se a saudade e a voz calada, a chuva e a alvorada, os campos em flor e a madrugada. 

Democratize-se o amor pleno de oportunidades e a liberdade, punindo a palavra vã não clara.

Poeme-se todas as tardes de amantes abraçados, e os beijos depositados em recipientes a levantar

Perfume-se a vida das raízes patrimoniadas de vida. 

Boicote-se toda a antítese das ideias e ideais. 

autarquias 2017

Este tempo de campanha eleitoral é divertido, Diverte-me. Depois penso bem e afinal não me diverte, deprime-me. Conheço naturalmente os candidatos, vivo aqui há mais de 50 anos, é constrangedor verificar a leviandade dos mesmos e das suas ideias em prol da gestão do erário publico na cidade, concelho, freguesias ou por que ordem for, se é que não existem mais variantes nesta equação, nesta ordem de grandeza, ou nesta  grandeza de ordem, parece-me existirem mais factores em ponderação que não são explícitos, mas que implicitamente escapam ao que se quer esconder.

Uma tontaria pegada esta brincadeira das autárquicas. Desde os candidatos, - às não ideias -

Vou mas é para Marrocos e não voto. “Prontos”  .

Uma quimera por fecundar um mundo

" ... Sabes, no meu próprio respirar existe o mar alvoraçado de madrugada, e o pranto da mulher a chorar pelo amor que morreu.

 

No meio da minha vida algures ficou a vontade de ser viajante, trocada pela imóvel inércia de olhar para aquele oceano reflectido nas leves recordações das caras que já nem recordo.

 

Sinto-me "desvivo", sem retorno ou acipreste deflectido que me guarde em sua sombra, à boleia das ladainhas das viúvas, de choro disfarçado de vida, mais vivas do que eu, mais entusiasmadas pelo desnorte do que os ventos alísios, frios, corpulentos, desfraldados e orgânicos.

 

Sabes, no meu próprio respirar existe o mar alvoraçado de sonho, de fantasia, de outro planeta construído de gente, abraçada a gente. Uma quimera por fecundar um mundo …”

Regeneração

É assim com todas as mães, disse eu. Todas ficam mais pequenas e humanas. Mais despreocupadas, menos mães, apenas porque nós já somos mães também. É vida a regenerar-se a ela própria, são as mães a ficarem pequenas, e os filhos a ficarem envelhecidos. Depois somos avós e volta tudo ao mesmo, é sempre assim filha, disse o val de mar pai. 

 

excerto de val do mar de abril

"... houve uma breve pausa no teu olhar que me gelou.

Conheço pelo reconhecimento da tua voz o teu olhar. Vejo-te sem te ver, e, sem olhar, sei o que a tua voz sente. Pelo teu andar detecto o chão, e sinto preso no teu caminharr, a tua vontade de abundante felicidade a querer enlouquecer a miséria do teu sentir. Sei da tua luta. Sei a estratégia da tua labuta.

Sei toda a tua força e juventude, os teu ais, o teu gemer, o teu sofrer, as tuas gargalhadas misturadas de animo e prazer, fecundadas pela ironia de querer sem querer, de ser sem saber, de ter sem precisar, de enlouquecer e cegar, entre a saudade e a mais profunda vontade de ficar.

Sei de ti só pela rouca voz sussurrada, de mãos cravadas e erguidas, desacreditadas dos deuses, mas aos deuses oferecidas.

Sei coisa alguma de ti, e de ti, sei tanto ..."

Tony Carreira

Para não gastar muito latim acerca do enorme Tony.

 

- Nunca esperei dele que fosse compositor ou grande poeta..

- Não estou desiludido porque nunca estive iludido.

- Desde que pague a quem deve por mim está tudo bem, fica resolvido e absolvido.  

Amigos como dantes. 

 

Salpico

Foi como se me tivessem enterrado vivo e eu tivesse acordado entre terra, larvas, humidade e o escuro ruído do mundo a girar.

Partir assim, foi o que senti ao acordar. Por isto, quero que me incendeieis e me mandes queimar, e que as cinzas, sejam feitas de mar e luar.

Saberás onde estou e, em que onda me estendo de areia na praia.

Molharás a face e, há-de  te saber a beijo esse salpico.

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