Gosto do silêncio que a escrita tem. Adoro as vozes que me envia e a descoberta do desconhecido sentir.
Gosto do ruído, da confusão e da paz que a letras somadas às palavras me dão.
Escrever é o meu endereço postal preferencial, as minhas luzes da cidade, as ruas do meu bairro, as pessoas que desconheço, os homens conhecidos, as mulheres ausentes e a minha memória arrumada.
A noite cai, crua, cruelmente mata o dia, sem lhe conceder sequer mais um minuto de respiração, ávida e agonizante fecunda-se na pressa de nascer. Mais tarde, pela madrugada, o dia brutalmente desacorda a noite, e devagar permite-lhe a morte. Assim faz a amor à paixão, assim faz a paixão no amor.
“ … Este desassossego infindável de quem não tem um beijo como o bordado que as tuas palavras desenharam em mim. Esta induzida solidão de não estar no mundo, este meu corpo desiludido de corpos, desabusado de almas, há-de navegar um dia em paz na paixão da barca lançada ao mar... “