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Cardilium

Cardilium

A minha escolha é: - a poesia liquidada em versos da minha vida -

Não há mais o dia de ontem. Não há mais a noite de ontem também. A noite estando mais perto, está tão longe quanto o dia. Ambos não existem mais.

 

O que deixaram? Apenas companhia.

Então o que são os dias e as noites passadas?

São a inexistência da vida?

É a inexistência da vida na recordação subsistida.

 

A vida não é vida em bocados de dia ou existência. A vida é como a poesia que acaba quando os versos partem. A vida é como a poesia que contem todo o meu amor. A minha culpa. O meu perdão. O meu sentir. A minha fuga. O meu regresso.

 

A vida não são os dias que passaram. São os dias que estão por vir. Os versos que tenho por cantar. O tempo que tenho para cuidar. O que idealizo ser no meu sonho. Os meus amigos, eu, e a quem eu amo.

 

A minha escolha é: - a poesia liquidada em versos da minha vida -

Os nossos pais afinal são como os pais de todos

Trémula voz, mãos, andar, pensar, falar, ver, esperançar.

 

sentir trémulos os dias que se esgotam relativizada que foi, a importância do que afinal nunca foi importante.

trémulo sentir dos finais de dia de consultório em consultório.

 

Os nossos pais afinal são como os pais de todos,

envelhecem e ... tudo ....

margem

Nenhuma margem se junta ao nosso amor,

Nem o silêncio irrompe madrugada adentro,

Nem tu sabes da existência da outra margem de mim,

Nem o rio sufoca com os meus desabafos,

Nem as aparências vacilam, apagam, ou se iluminam. 

 

Somente existe os meus sonhos como as ondas no mar,

Talvez algum delírio,

Com certeza algum fascínio,

As minhas mãos na minha viola,

Desesperadas por compor uma canção.

Aproximar

Aproximar encanta o mar,
Aproximar enfeitiça a solidão,

 

Descubro dentro das palavras, palavras,
Termos unos que se multiplicam,

 

Aproximar: - tem em si, amar -
Aproximar: - tem dentro, mar -

 

Tem loucura,
Tem procura,

 

Tem seara,
Paredão, paixão, encontro, e vocábulos de vento.

poema lágrima

Trago no poema lágrimas e choro que deslaço,
Não é tristeza que bebo,
É alegria que faço.

 

No poema levo um sorriso e parto,
Beijo a lua,
Com as lágrimas transformadas num abraço.

sete

Se com sete palmos de terra se constrói uma cabana,

Se com sete palmos de terra se repousa um corpo,

Se com sete colinas se faz uma cidade,

Se com sete saias se veste uma mulher,

Se com sete ondas de mar se pede um desejo,

Se com sete sóis se faz uma estação,

Se com sete notas se compõe uma canção,

Se com sete dias se constrói uma semana,

Se com sete luas se vive uma paixão,

Porque não fazem sete homens a paz?

 

A natureza usa melhor do que os homens, o universo.

Para que conste

Para que conste:

 - Não sou poeta, sou operário obreiro dos meus sonhos em palavras, desenhadas por letras de céu e lua, algoritmo do meu coração -

O amor também mata!

O amor também mata!

 

O amor que não deixa crescer,

O amor que não deixa voltar,

O amor que não deixa aprender,

O amor que não deixa andar,

O amor que não deixa cair,

O amor que não deixa errar,

O amor que não deixa gostar,

O amor que não deixa ser,

O amor que não deixa levantar,

O amor de quem por amor tudo faz, nada deixando fazer o amor.

O amor que quando solto não sabe voar, mata!

 

Não é a falta de amor no desamor que mata,

Esse cresce,

Aprende,

Voa,

Chora,

Vive,

E continua crente que o amor pertence a quem o sente,

O amor é próprio, depois, dividido se for caso disso.

 

O amor também mata!

- Espero continuar abençoado com realidade, no meu peito – X

- Espero continuar abençoado com realidade, no meu peito – 

 

Chegado,

Vislumbro na noite o saber que a lucidez conquistada me oferta,

A experiência dorida que os dias vazios de dia me fazem admitir,

E que não me é exterior,

A contraparte de mim que tomo como destino,

Os outros não são a minha culpa,

Os outros não são o meu destino,

Os outros são os outros e, sem eles, não seria eu no meu livre arbítrio

 

- Espero continuar abençoado com realidade, no meu peito -

- Espero continuar abençoado com realidade, no meu peito – IX

 - Espero continuar abençoado com realidade, no meu peito – IX

 

Adivinho no cheiro que se solta o final da viagem pelo pó levantado do chão

,

No chão que foi a minha cama,

No rio que foi a minha companhia,

Na viagem que foi a minha decisão,

No cheiro que foi a minha solidão,

Na adivinhação que foi saber que o meu pranto se excluiria no pó levantado pelo chão do caminho.

 

- Espero continuar abençoado com realidade, no meu peito -

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