A solidão é o argumento de espedaçar a ausência. Separa-me da minha última visita o tempo entre estar, e ficar. As minhas palavras são cada vez menos pronunciadas. Os assuntos são escassos e, nesta demoníaca e percepcionada vontade de conversar com alguém, o desejo de não o fazer sobrevive ao desperdício do tempo.
Afinal é comigo que tenho assunto e palavras.
No corpo de uma mulher encontro somente silêncio.
Sem palavras, o corpo de uma mulher, não é o corpo de uma mulher.
Feliz quem pensa no recato de si mesmo. Quem se informa. Quem procura. Quem não se vende. Quem não se entrega. Quem pode estar consigo. Quem consegue. Quem sobrevive. Quem sobreviveu. Quem pode ainda aprender.
Ao invés:
Coitado de quem não tem paz no recato de si mesmo. Quem não se informa. Quem não procura. Quem se vende. Quem se entrega. Quem não pode estar consigo. Quem não consegue. Quem não sobrevive. Quem não sobreviveu. Quem já não tem lugar para aprender.
Feliz de quem tem uma história errante…
Desafortunado de quem tem uma história sem estórias…
O mar cheio de flores veio despedir-se no dia certo. O sal evapora nos meus olhos a cada vaga de despedida. Olho a terra. Decido as cinzas. Ficará a música que celebre a liberdade.
É nos versos do “meu menino é de oiro” que me quero despedir, e como num “sonho acordado”, dizer-te: “meu amor quando eu morrer veste a mais garrida saia, que eu vou morrer no mar alto e eu quero-te ver na praia”
Os grandes feitos da maldade serão pequenos se a mim não me servirem, e o meu número não é universal, e o meu passado não é vertical, e o futuro não o será igualmente, porque carrego humanidade em mim, porque peso tudo o que trouxe para esta viagem, que terminará quando eu não quiser, ou quando eu mesmo achar que deve terminar. A relatividade das acções é a mera cobardia das decisões.