Este céu cinza outono, entre os montes e o rio, castanho, esverdeado e mais logo breu, depois, a torre badala a noite, e o fumo acendesse nas chaminés do outono, já não existe fim de tarde, existe somente a noite, a desmoronar-se no dia.
Acredito que não morrerás. Acredito que os homens não morrem.
Afianço que há homens mortos a governar. Há homens mortos a mandar na liberdade de outros homens. Há homens que nos governam numa cegueira e surdez afecta ao capital. Há homens mortos pela dependência do dinheiro. Há homens moribundos mortos de princípios, escravos da majoração do pseudo estatuto. Há homens e seres, que somente passam por aqui.
Depois, Existem os homens que não morrem, Os homens que não partem, Os homens que ficam por cá por todo o sempre.
Acredito que não morrerás. Acredito que os homens não morrem.
Desconfesso admitido mil horas de abundante solidão,
Onde permaneci vago em todas as artérias do meu corpo, Numa redundante vontade de: Amar, Matar, Vociferar, Desdizer, Suicidar, Amar-me, amar-te e amar-vos.
Intrínseca nesta solidão achavam-se os espinhos cravados no corpo, Das verdades por desistência, Das mentiras não confessadas, Dos pecados, Da amedrontada penitência, Cobarde, ri-me enquanto os meus olhos choraram.
Provavelmente não bastará a abundância do meu sentir, nem a metamorfose da minha face.
Provavelmente não bastará saber que em todas as horas em que verto saudade no olhar, existe no meu peito uma orquestra em contrapasso, como as folhas que soltas dos teus braços de Outono nas árvores que te cuidam.
A semântica das palavras abrangem o seu significado na abundância do meu sentir.
Partiste com o amor que te dei, Partiste como o amor que me deixaste, Não te tenho mais, Alegra-me o que levaste, Vive em mim fortificado, Todo o amor que me deixaste.
Tenho observado muitas vezes a seguinte expressão: “não sou normal”, “eu não me sinto normal” vendo eu a expressiva e incessante busca de um anormal conceito de procura de normalidade, vendo eu a busca incessante de aceitação da pseudo normalidade em nome da anormalidade.
Anormalidade é sentir-me um rio sem água, uma nascente sem ideias, um rumo sem rota, um mar sem marés, uma luz de luar sem lua, amar sem amor.
Tudo o resto me parece anormalmente normal, pseudo normal ou num querer de entendimento por esforço, paranormal ou que lhe quiserem chamar.
Albergo dentro do meu passado toda a miséria e gloria.
Respiro tudo o que em mim existe e tudo aquilo em que eu existo. Os meus poros segregam a vontade de em cada final de dia renovar-me, em toda a glória, em toda a miséria.
Ambas são vida. Ambas são oportunas ofertas a mim mesmo de mim próprio.