O amor é mais amor nas noites quentes, Tem mais sentir nas mãos que escrevem um poema, Tem mais sofreguidão no rio que corre fresco, E nos olhos que iluminam a noite, Como a sangue que jorra descontrolado no peito,
O amor é mais amor nos dias de ausência e saudade, Na esperada sombra do reencontro, Nas ideias por dividir, No abraço por repartir aguardado, O amor tem tudo o mais que a loucura feroz detém.
O amor tem mais amor na chuva inesperada que se abate, Na praia da madrugada, Tem mais amor, tem tudo e não tem nada, Tem palavras choradas no poema desnudado, E na musica que ecoa tem lágrimas apaixonadas
Sou desajeitado para viver, mas a simplicidade é mais do que sobra para estar vivo. Com meia dúzia de paisagens, acordes, cheiros, comida do antigamente, uns abraços e uns amigos e, sinto-me bem, por vezes até feliz.
Sou desajeitado para viver, é-me difícil olhar nos olhos de quem não empatizo. É-me difícil dizer sim, ou não, mediante a escuta da minha intuição. É-me difícil estar sem ser. É-me difícil ser e não estar. É-me difícil viver desajeitado no meio de gente com tanto jeito.
É-me fácil estar, ser e ter jeito, com quem é desajeitado como eu para viver.
Morro Não procuro entendimento quando a minha alma me foge, Não procuro entendimento quando sei que morro todos os dias um bocadinho e que o amor me morre também, Amo e morro de saudade, Calo e não abraço. Ainda tenho medo de mim, Ainda tenho medo da minha voz desconforme, Ainda tenho medo de dizer que me apetece abraçar sem tempo aprazado, Não gosto de me ouvir.
Não pertenço!... A minha presença não se coaduna com a minha pertença, O certo é longe, É demasiado além. Não pertenço!... O incerto é aqui, E não pertenço disfarçado, Não sirvo. Não pertenço!...
Basta me tão pouco para ser eu, E sobra-me tudo do que me faz feliz. Qualquer céu, estrela ou lago, Retletem em mim abraçado o momento. Guardo em mim, A magnificência e o imortal desejo. Bastam-me os lábios de palavras, Basta-me o silêncio e um beijo. Alberga-me o acordar rompido e alaranjado de mais um dia.
O tejo não é só lisboa, o tejo é uma vila velha, uma barquinha navegando da foz para a nascente, uma constância de amores, poesia e poetas, canaviais avieiros, bocas sôfregas em delírio, pôr-do-sol partilhado, e beijos de despedida e esperança de um novo dia. O tejo é a paz oferecida nas madrugadas de insónia permanente. O tejo é música e o sonho abastado da felicidade da beira-rio.