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Cardilium

Cardilium

Não há razões

Não há razões,

Não existem mais razões,

Nem tem que haver entendimento,

Nem inteligência para tal,

É ilógico e não tem mal.

 

Larga-me, solta-me,

Não me maces com discursos,

Se nem os pássaros ouvem as nuvens,

Nem a chuva que as carrega mais os trovões,

Porque teria que haver razões?

A alma não tem direcção

A alma! A "coisa" mais silenciosa que eu conheço que tem um ruído que desconheço.

A alma não tem direcção! Tem sentido.

A alma não dói! No entanto tem chagas incuráveis e dolosas vontades.

A alma é fiel na felicidade.

As vontades da alma são sempre isentas de dolo.

 

As almas são como árvores e têm raízes que proliferam na terra. São férteis. As árvores têm seiva como sangue que as mantêm vivas e possuídas de um recanto sombrio. A cúpula é o início da alma das árvores, que juntas fazem uma floresta onde os raios de sol irrompem em sinónimos de igualdade regrada.

O silêncio administra os dias, as faces desconhecidas, o conhecido e exacerbado sorriso excêntrico, quedo e tranquilo.

A fresquidão adormece-me no meu peito fervente de ideias, sonhos e inspiração. Os vernáculos pensamentos e eróticas melodias descem em mim. Treme-me o timbre imaginado de uma voz desassossegada e escondida. Tranquilo, acomodo-me arraigado a uma linha que denomino raiana para saber ser: - a fronteira do terreno, do espírito e da alma, essa "coisa" silenciosa que tem um ruído que desconheço.

Há mãos na madrugada

Há mãos na madrugada,

Boas novas,

Noticias vãs,

Vil sentir emoldurado,

Corações embriagados,

Rostos abonecados.

 

O mar brade sempre espumado,

Coragem de verdade,

Mentira verde na esperança de amadurecer,

Os passos dados sem terra,

O ar respirado a arder,

O fingir imaginado da fome.

 

Os soslaios de sol nuns lábios esboçados por um sorriso,

São a verdade, são o engano da mentira.

Bebo nas palavras o que retiro da vida,

Bebo nas palavras o que retiro da vida,

Somente as virgulas são dementes,

Tudo o resto são pétalas que abrilhantam a minha existência.

 

Não perduro ao tempo que me foge,

Não me agiganto ao pó levantado dos meus passos,

Sôfrego respiro a imensidão que me limita.

 

Assim penso,

Assim contemplo o mar sempre vivo,

Assim sou tudo e nada.

 

Resplandecente na outrora madrugada em que acordei,

Desperto os sentidos que me restam,

E bebo nas palavras o que retiro da vida.

Tear

Imagino um tear com fios de seda invisíveis que te formam o rosto,

Um meio sonho que se constrói tecendo,

Uma meia estação a caminho do verão,

Um raio antes do trovão,

Uma semente antes do fruto.

 

A tua face está agora tecida em seda,

Na tua pele que se entrelaça,

Com a chuva que te embarga as lágrimas que não gemeste,

As tuas mãos desenham na terra que remexes,

A semente que deitaste,

 

Tu, semente, seda, mãos e face.

Preciosa tela tecida de fios invisíveis de seda.

Longe, a sul.

Quando o amor se desgasta,
e o corpo se arrasta,
mais do que farta a mente,
opaca,
a alma não sente,
as serras e os rios vertem lagrimas e lírios,...
as palavras esgotam os poetas esgotados de entendimento,
amanheço culpado por não amar,
adormeço esperançado que seja apenas eu e não a humanidade,
vivo a morte em forma de vida,
sem norte,
longe,
a sul,
vive a vida,
encantamento adiado,
dia a dia mais castrado.

Invejo os pássaros voarem, as flores sorrirem e o vento silvar. . .
Invejo o mar e as tempestades,
o sol e a chuva,
Invejo tudo o mais, ao invés deste desamor desgastado. . .

 

Gemida saudade

 

Olhos que gemem de saudade,

Mãos inertes de movimento,

Boca calada de palavras.

 

O sol?

Amanheceu com a dor.

 

A lua?

Abraçou a dor prometida ao sol.

 

O mar?

Está solidário com as mãos inertes de uma boca calada nuns olhos que gemem de saudade.