brado d´alma
Vai-se o corpo,
desterrado
cinza,
pó,
grito,
alma.
E os dias permanecem no mesmo tom de outrora,
amanhã a saudade lembrar-me-á,
nada,
tudo,
alma.
brado
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Vai-se o corpo,
desterrado
cinza,
pó,
grito,
alma.
E os dias permanecem no mesmo tom de outrora,
amanhã a saudade lembrar-me-á,
nada,
tudo,
alma.
brado
Em cada homem mais de mil estão emudecidos,
amordaçados por sonhos desfeitos e quimeras destruídas.
Em cada homem mais de mil mandam,
mais de mil obedecem,
mais de mil estão mortos,
mais de mil estão vivos.
Sobram os que não se vendem,
aos vendidos.
Mais de mil homens escreveram
estas palavras …
Guardo num escaparate um frasco de cheiros. Um frasco fosco de momentos quentes pintados de imagens claras. A música dança ao vento como uma maluca. Pela manhã a saudade saiu de casa. Ainda não voltou. Fica pela madrugada fora a falar com estranhos, daqueles que metem coca e bebem até à madrugada seguinte. Fica presa ao pesar do tempo. Saudades que eu tenho de ficar preso às madrugadas pesadas de tempo.
Não se pode encher a alma com palavras as palavras esvaziam-na. A alma enche-se de momentos. A poesia já não é uma prenda. Já não escreve nem descreve o percurso. A poesia pintou Abril. O Abril converteu-se em oposição como existência.
Grandes vagas embatem de encontro à vida. Não sei se me vou pôr a caminho. Se me perco. Se me encontro. Se me deixo ir pelo beijo, pelo abraço e pela contradição. Sábado esta aí …. Bem-vindo.
Fica o sonho de me revisitar ainda um dia.
Antítese é uma forma de vida. Nascemos em sentido inverso. As estrofes não são simétricas. Carregamos decisões irreversíveis. Somos um projecto iniciado e inacabado. Exportamos beijos por exportar.
O caminho inverso é a antítese.
Não nasci para fazer o que faço. Não nasci para morrer. A morte não existe. A morte é a recordação da vida, nada mais. Abri um túnel na montanha para não a escalar. Acampei no fundo do mar e abri janelas nas árvores. Dos quadros fiz a minha casa.
Comprei nuvens que estavam para alugar.
Não sabia se lhe tocasse, se sairiam palavras pelos poros. Se a alma o pecado ou se, simplesmente aquele sorriso fora o que eu esperara toda a vida em que já morto vivi.
Os três bairros serão sempre os mesmos três bairros sem a minha frequência.
Os prédios deterão sempre as mesmas entradas cortadas de gente, e o medo da chegada vigorará sempre, com o medo da partida.
Não me reconheço nalgumas horas em que me desnudo. Não me conforto nalgumas em que me reconheço.
A estrada de regresso sempre foi menos dolorosa do que o caminho da partida.
Os mesmos bairros, as mesmas estradas, os mesmos prédios, habitar-me-ão apenas quando o mar não me suster.
O sussurro do vento emerge do segredo que guardo na garganta e me faz ver na incerteza do sono, a água que as palavras jorram no meu corpo incendiado, nascente da vontade de te ter.
Fez-se noite.
Voei para as estrelas!...
Sou chuva descontinuada,
Trigo amarelecido,
Girassol atordoado sem raiz,
Casa despida e abandonada,
Onde só as árvores pernoitam em guarda.
E eu,
...................mansamente tombo de saudade.
É mais fácil um mal-entendido do que a compreensão.
A distância mental que geralmente se instala retira a um mal-entendido o entendimento.
Quando retorno a um mal-entendido não o compreendo.
Quando o compreendo já não há mal-entendido … existe a percepção latente da ruptura.
Corredores iluminados, intermináveis, labirínticos, sem horizonte nem esperança, escurecem a forma mais improvável de vida.
Seres autómatos de pacotes pardos com exames na mão exaltando na face, a forma mais improvável de vida.
Rostos de olhares trocados, esperando ambos pela resposta, da forma mais improvável de vida.
Aparente sossego revelado por uma pele escurecida de uma paz que se deseja na forma mais provável de tranquilidade, sob a forma mais improvável de vida.
Quando o corpo decide a forma mais improvável de vida, transforma o medo em pressa, o desejo em lentidão, a vida em dever cumprido, a escuridão em luz.
A forma mais improvável de vida é, a probabilidade da possibilidade de paz e luz.