As mãos e as bocas, as palavras e a alma
Olhos de tristeza,
Momentos,
Quando duas mãos tocam a loucura, as bocas não precisam de palavras.
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O profano e o sagrado em doses iguais me deram em jovem menino,
Ambos se enraizaram de conceitos,
Os dois se alimentaram deles mesmos,
Os dois se alimentaram de mim,
Em doses de pecado que não o era,
Em porções de emudecimento que não o devia ser,
Afectaram-me até a visão,
Culparam-me do que não tinha culpa,
Absolveram-me do que fui culpado,
Misturam-se com a ética e o discernimento,
E quando dei por mim,
Era de mim que eu fugia,
Confrontado pela minha essência,
Pela razão,
Pela emoção.
O profano e o sagrado? Cabe-me a decisão …
Viva-se com um poeta, uma flor, uma nuvem, ou um arco-íris, e as palavras conquistarão o silêncio onde nenhuma tempestade, jamais, se conseguirá fazer escutar.
Empobrecer pode não ser necessariamente necessitar de banho quente ou sopa, existem muitos pobres em majestosos e ostentados banquetes, mesmo assim, não trocava essa pobreza, pela riqueza do meu sono.
Folha amarelecida de memória,
Escondida debaixo de todos os papéis dobrados,
Que não servem para nada.
Mais os anos,
Passados,
Encurvados,
Remexidos,
Redobrados,
Ajuntados,
E todos somados e multiplicados.
Somam a alma amarelecida de uma memória,
Mais do que esquecida,
Que se quer esquecer.
Desdobrada como uma folha amarelecida de papel pelos anos, assim são as minhas pequenas e distraídas descobertas do óbvio, que a vida me apresenta todos os dias.
Almoçar com menos pressa que o habitual é bom, e descobrir que rio com a boca cheia não é mau.
Pormenores que normalmente nem reparo, no tempo em que nem almoço, por troca com o que duram as minhas horas de trabalho.
Viver mais devagar é bom também, branqueia a alma, fica mais cândida.
Este silêncio barbaramente ensurdecedor não tem outra forma ou razão de ser, pois o conteúdo do que falo é de uma língua que ninguém fala.
Não vale a pena o risco da explicação…
com alma vale a pena,
sentir tanto, sentir bem,
sem o peito eu não sinto,
e a quem me dou,
até me despedaço.
se a alma não é pequena,
vale a pena,
doer o peito,
demente existir,
diz Pessoa, sente o sentir.
Desconfesso admitido mil horas de abundante solidão,
Onde permaneci vago em todas as artérias do meu corpo,
Numa redundante vontade de,
Amar,
Matar,
Vociferar,
Desdizer,
Suicidar-me,
Amar-me, amar-te e amar-vos.
Intrínsecas nesta solidão achavam-se espinhos cravados no corpo,
Das verdades que desisti,
Das mentiras que não confessei,
Do pecado,
Da amedrontada penitência,
Cobarde me ri enquanto os meus olhos choraram.
Confesso que me confessei e ,depois vivi.