Um dia beijo-te no meio de uma frase,
De uma palavra,
De uma ideia,
De um sorriso,
Do que for.
Um dia beijo-te sem que me esperes,
Ou jamais penses que te beijarei,
Um dia beijo-te no meio da tua ausência,
Demência,
Ou vontade.
Um dia,
Dividirei um dia teu,
Em pedaços de beijos,
Farei com que a tua alma,
Seja beijada,
Com o meu coração.
Um dia,
Interromperei a tua respiração,
Com um beijo.
Um dia,
Um beijo teu,
Matar-me-á.
E eu,
Não me importarei,
Que me mates,
Esta vida,
E me brindes com outra de um um beijo teu.
Quando a imortalidade se desmorona não há idade válida para a sua recepção.
Quando entendo que há duas formas de acabar,
não há entendimento que surja ou se valide.
Tanto a imortalidade como a revolta da natureza são legados que nos pertencem em vida,
podem surgir num terramoto,
doença,
marmoto,
vulcão,
tornado,
ou o que a natureza nos quiser oferecer.
Tudo é para nós,
nada se exclui,
tudo nos confere,
o direito de nada aceitar e de com tudo ficar.
Há pessoas a quem eu ficaria com as suas penas como se fossem um arco-iris.
Desnudada a vontade,
Desventrada,
Mão adiada,
Regozijo denso,
Semblante indisfarçável,
Semblante opaco,
Mãe, no teu peito encontro-me.
Naufrago neste inadequado sentir,
À tona, o ultimo bocado de mim afundou-se,
Vejo a ultima estrela reluzente no céu,
Amarfanhada,
Amarrotada,
A esvair-se de luz,
Sobro-me,
Escasseio-me.
Salvo-me numa âncora que desabrochou em mim,
Num, eu adequado.
Inventei uma tela onde o esboço que não se vê é o teu sorriso,
As lágrimas que se sentem são a saudade explícita,
Da ausência,
Da distância,
Do beijo da tua boca,
Das palavras que não apreendes,
Do entendimento que não possuo,
Dos mundos habitados no inverso.
E de tudo isto e de nada, vislumbro uma tela onde o esboço que não se vê …é o teu sorriso.
Inconclusiva,
Felicidade,
Inconcluída,
Fecundada,
Numa vida,
Que não a minha,
Fragmento de outra vida.
Deixo a barca à deriva na abundancia do mar,
A maré restituirá,
O que a ela despertence.
Os teus olhos têm o encanto de flores lilases,
As tuas mãos são pétalas,
Pétalas de flores que colho,
No teu andar balançado.
Prego-me ao chão,
Incapaz de me mover,
Com o cheiro que diluis,
Ao passar.
Fico encharcado de vida.
Algemo as minhas mãos aos teus olhos doces,
Desmagnetizadas são as palavras que solto em teu redor.
Avanças, e penso que decifraste,
Recuas, e sei que ignoraste.
Mas nem as palavras têm magnetismo em ti,
Nem as tuas passadas soluçaram em qualquer direcção.
Somente a minha mente me atraiçoou,
E as algemas se tornaram em prisão,
As minhas mãos são na verdade,
A tua decisão.
Perturbado estado presente este de ausência,
As cores todas juntas ficaram alvas,
E o meu encanto desmoronou-se.
Retenho frases soltas que se colaram no meu peito,
Construo um sentido que desentendo,
E o sol já não se poe mais no horizonte.
A poente jorra o rio esperança morta à nascença.
Desenrolo do meu seio este novelo quase ébrio,
Desdobro esta ansiedade,
Esta ocupação sublimada,
Cristalizada da minha alma,
Desordenada em mim.
Sem escolha,
Nem do novelo,
Nem das soltas pontas por decifrar.
Nem a alegria,
Nem a tristeza,
Ocuparam o seu lugar.
Somente esta amálgama sentida,
Sem nomes para baptizar,
Me ocuparam em forma de novelo quase ébrio.
Aparento ter,
Uma nova vida.
Com uma pessoa nova e outra estranha,
E a pessoa estranha e a nova pessoa,
Sou eu mesmo quem aparento ser.