Sinuoso este amarfanhado de nada
As divisões vazias enchem-se quando me revisitas. A cada ténue esperança do teu regresso encho-me de imensidão por dentro, porque sei gostares de contemplar nos meus olhos a existência do mar. Vive em brandura este sentimento por ti outrora despedaçado, aquando da tua partida. O teu cheiro vigora em cada fronha onde descanso.
Alivia-me, nos entardeceres da tarde, saber-te bem pelas palavras que me restituis.
Já te sei pelas palavras.
Pelo tom das palavras. Pelas palavras escolhidas. Pelo enfâse. Pela energia. Pela atitude que legas às palavras. Dedicas-mas sempre de forma diferente, e eu, de forma desigual, as recebo. Não existem para mim dias bons, nem bons dias, se não te ouvir. Os maus, também não são feitos das tuas exclamações, sejam elas quais forem.
A nossa ligação é sanguínea, visceral, entranhada e de sobrevivência. As relações não sendo todas assim deviam sê-lo, não há porque não o sejam, mas não o são, e, acabam por ser assim "umas quantas vezes nenhuma", em cada vida.
Por vezes penso que só eu é que penso nestas coisas. Mas não sou com certeza, e se o for, que seja, ficam nesta obra amarfanhada e sinuosa de nada.
A tua luz é-me necessária à vida